Xavier era homem de crer no amor. Acreditava que o amor não era crendice, nem era de algodão doce. Também não podia pegar, mas pegava Xavier de jeito.
Amor é troço pra quem não precisa do outro. Não tem acento de desespero.
Amor não tem jeito de promoção. Não dá para tentar dois em um. São dois. Cada um.
Xavier flertou com Natalia. Não se pareciam. Mas com ela quis formar par.
Natalia se assustara com tantos camaradas que Xavier cultivava durante a vida.   Dinheiro no bolso? Necas. Certezas? De que a vida é incerta.  Seu futuro era hoje. Natalia queria um cheque garantia. E perdia cada poesia do instante de Xavier.
Moço aquietou-se como doce caseiro. Tentou pegar um norte no mundo da moça.
Quando chegou ao sul, sabia de Natalia como tabuada, mas esqueceu  sua conjugação. Xavier virou sujeito indefinido. Mas continuava entendendo de Natalia como ninguém.
Natalia queria casório. Xavier sabia que o amor vinha com o tempo, mas o relógio da moça adiantara-se. A poesia escapou-lhe entre os dedos. E a vida do moço entrou em banho maria.
Xavier não sabia em que bolso deixara as delicadezas. A esperança ficou miúda. Foi quando avistou a mão de Natália.
Quase ao tocá-la, ouviu da moça que o tal do amor que vem com o tempo já não estava em seus planos.
Os olhos de Natalia miravam outros há algum tempo . Os dedos não mais se encontravam e já apontavam a porta de saída.
A moça não conseguira apostar naquele homem. Não lhe deu chance do sorriso voltar. Tinha pressa de se arrumar. Pressa de amor prontinho.
Mal sabe a moça que o amor só se apronta depois que sabe muito bem onde vai morar.
Xavier era homem de crer no amor. Era. Precisa voltar.