Tha Mello

Veterana na cena, Tha Mello lança carreira solo

Monique Ferreira

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26 de março de 2021

Começar uma carreira aos 11 anos de idade não é para qualquer um. Por isso, com apenas 26 anos, a carioca Tha Mello chama mais atenção a cada apresentação. O lançamento do seu projeto solo aconteceu durante a pandemia de Covid-19, entretanto, isso não a impediu de participar de festivais e premiações online e colocar a sua marca na cena musical.

Acompanhada por Victor Cabral (violonista) e Raphael Rui Castro (guitarrista), a artista tem dois singles lançados e está em processo de produção do seu primeiro álbum. Portanto, convidamos Tha Mello para compartilhar suas experiências na cena e especular sobre o futuro.

Confira!

Depois de 15 anos de carreira à frente da Intrépida, você decidiu iniciar uma carreira solo e mudar toda a sua forma de trabalhar. Como foi esse recomeço?

Acho que todo recomeço por si só já é um pouco complicado né? Esse não foi muito diferente pra mim. Principalmente pelo fato de dividir palco e vida com as mesmas pessoas por tanto tempo. Acho que, pra mim, banda é tipo uma segunda família e eu sempre via a Intrépida assim. Então, recomeçar esse projeto, sozinha, pra mim foi doloroso no início.

Lembro que eu relutei muito porque eu sempre acreditava que as coisas iam dar certo com a Intrépida, então eu adiava qualquer outra proposta de projeto que surgia e até mesmo a ideia de algo só meu. Portanto, quando a banda deu essa pausa indeterminada, eu fiquei muito sem chão. A música sempre foi algo que moveu a minha vida, eu não consigo viver sem.

E daí veio a decisão de seguir com a carreira solo?

Depois dessa pausa fiquei uns meses sem cantar, sem fazer nada voltado pra música e isso me consumiu muito e acho que esse foi o momento em que eu vi que eu precisava continuar de alguma forma, mesmo que sozinha. Desde sempre eu recebi muito incentivo pra fazer algo meu, mas acho que eu nunca encontrava o momento certo pra isso. Quando decidi de fato botar esse projeto solo pra frente, veio a pandemia.

A gente teve que adaptar muito a forma de trabalhar, de fazer show, de produzir conteúdo. Nesse início de projeto fiquei um tempo compondo e depois disso comecei o processo de encontrar músicos. Foi quando decidi fazer o convite pro Victor e pro Rui. Foi um processo muito doido, mas acho que foi exatamente como tinha que ser.

Quais foram as conquistas que você teve com a Intrépida que você está conseguindo trazer para este projeto?

Acho que é principalmente o reconhecimento do público. Muita gente que acompanha meu trabalho atualmente, eu herdei da Intrépida. Fora isso, tem a experiência, os contatos, as outras bandas, artistas, produtores que eu conheci e que a gente leva pra vida. Eu tinha 11 anos quando comecei, de lá pra cá muita coisa mudou em termos de cena, de oportunidade, de visibilidade.

Na época a gente não tinha tanto acesso quanto agora. Então, foram tempos difíceis, mas que geraram uma bagagem boa pra continuar resistindo na arte.

O que muda entre estar à frente de uma banda e ter um projeto que leva o seu próprio nome?

Acho que o peso de algumas decisões é o que mais muda. Eu sempre gostei muito de estar à frente das coisas, de ser muito participativa, de estar por dentro de cada detalhe. Quando a gente tem que decidir tudo em conjunto é difícil, em todos os sentidos. Acho que esse processo de todos terem que entrar em consenso pra fazer a banda andar é o mais complexo, porque às vezes cada um tem uma visão muito diferente, tem o ego, tem muito coisa envolvida.

Eu sinto que esse processo pra mim agora é um pouco mais fácil, mas também sempre decido as coisas junto com os meninos. Eu gosto disso e acho que é essencial até pra que todos se sintam parte do projeto. Mas mesmo com eles me ajudando nesse processo decisório sinto que é mais leve, os pensamentos se complementam e dificilmente a gente diverge em algo e, quando acontece, é muito construtivo.

Você lançou uma nova interpretação de seus dois singles, “A Chegada” e “Carta aos Sobreviventes”. Como foi o processo de reconstrução dessas faixas?

A gente já estava querendo lançar um vídeo ao vivo desses dois singles, mas queríamos que fosse num formato diferente. Foi quando tive a ideia de fazer a percuteria e cantar. Fizemos um teste em uma das lives que participamos e a recepção pra esse formato foi super positiva, então acho que era o empurrãozinho que a gente precisava pra gravar essa versão.

A bateria é minha segunda paixão depois de cantar, na própria Intrépida eu fiquei um tempo exercendo essas duas funções e depois que fiquei só cantando. Inserimos o surdo em algumas músicas e foi um super diferencial.

Eu gosto demais de te ver na bateria! Até por ser uma formação inusitada, são poucas as bandas que se apresentam dessa forma. Fica marcado, né?

Acho importante pensar em alternativas de chamar atenção das pessoas com essas referências. Muita gente conhecia a Intrépida pelo surdo que a gente usava nos shows, foi uma construção até mesmo visual que marcou de certa forma. Então pensando por esse lado achamos que seria legal mostrar pras pessoas esse meu outro lado na bateria também e reforçar que tem muitas mulheres assumindo papéis que vão além dos vocais.

Mesmo com as influências da MPB, a base das suas composições é o rock. Como você enxerga o futuro do gênero?

O rock sempre vai existir pra mim. Acho que mesmo se em algum momento tivermos inovações no gênero, a essência dele sempre vai permanecer de alguma forma. Falo isso porque sinto uma mudança nas músicas desse meu novo projeto. Tem uma pegada mais pop, mais MPB, mas ainda assim tem essa essência do rock que eu não consigo deixar de lado. E que me identifico muito, até mesmo pra me expressar no palco.

Raphael Rui, Tha Mello e Victor Cabral (Foto por 365 Produções)

Acho que rock também é atitude, é expressividade na forma como você canta, como passa a mensagem, como interpreta a música no palco também.

O que você faz em suas músicas para inovar em um estilo com tantos clássicos?

Acho importante estarmos cientes das mudanças no mercado, no que as pessoas estão de fato ouvindo e se nosso público também está mudando nesse sentido. Eu gosto de ouvir muita coisa e gosto de trazer um pouco do atual também nas minhas canções, desde que isso não me faça perder a essência. Então acho que a questão está em saber dosar o que gostamos com o que está sendo consumido.

Então, para finalizar, quais são os três artistas com quem você trocaria cartas na quarentena?

Com certeza Canto Cego, porque é uma das bandas que quando comecei nesse circuito da cena, eu os tinha como inspiração e referência pra muita coisa. Dividimos palco muitas vezes. Acho incríveis as versões que eles fazem, a mistura da poesia com rock e da voz e performance da Roberta. Sou muito fã.

Outra banda que eu me amarro demais é Far from Alaska. A forma como eles se revezam na formação, como usam os efeitos nas músicas, da um tom único e psicodélico. E a Emmily cantando é de arrepiar.

E eu super trocaria cartas com a Supercombo. Léo Ramos é um monstro cantando, tocando, compondo. Adoro a forma irônica que eles usam pra abordar certos temas nas canções. E a Carol pra mim é referencia de baixista.  Já vou começar a escrever minhas cartinhas agora (risos).

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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Corrente do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!

Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho. Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!

Monique Ferreira

Monique Ferreira é produtora artística, de eventos e audiovisual. É CEO da agência Na Beira do Palco, que realiza eventos no mercado independente do Rio de Janeiro e atua com lançamentos e produção artística de bandas e músicos. Se dedica à produção de conteúdo web sobre music business para artistas independentes.
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