Era uma mosca honesta, e bem tacanha,
Fazia o seu passeio matinal,
Quando, numa distração fatal,
Caíra na teia de uma atroz aranha.
Presa, braceja e braceja, e braceja,
No desespero de estar em apuro,
Mas quanto mais braceja, mais seguro
Fica o fim, mais inútil a peleja.
Já a aranha, e era pelo meio-dia,
Surge, com riso de quem vê o almoço,
E neste riso, fundo como um poço,
Enxerga a mosca a última agonia.
O resto é o que já se adivinhou:
Morrendo uma, a outra, enfim, almoçou.
José Danilo Rangel
José Danilo Rangel tem 29 anos, é cearense, de Itaitinga, vive há 20 anos em Porto Velho, Rondônia, e já foi conhecido nas rodas undergrounds portovelhenses, por ser esportista radical e pela frequência (e confusões) em festas de metal. Sempre leu muito, mas não gostava de Poesia, na verdade, considerava-a futilidade. Escrevia artigos, crônicas, contos, mas nada em verso. Apaixonado, entanto, decidiu escrever um soneto para se declarar, foi assim que encontrou na Poesia um meio de falar sobre o que sempre achou importante falar.NAN