TV de Qualidade: “Community”
Colaboração
****Colaboração de Bruno Bloch****
Volta e meia leio, na internet, comentários de gente que associa as expressões “série inovadora” e “humor inteligente” a programas como “Two and a Half Men” e “The Big Bang Theory”, o que logo me faz perguntar a mim mesmo:
– Será que eu realmente acabei de ler isso?
Quer dizer, claro que esses conceitos são subjetivos e todo mundo tem todo o direito de ter uma opinião sobre qualquer assunto, mas, na minha humilde visão, não há nada de “inovador” nos programas criados e produzidos por Chuck Lorre.
Tudo bem. É inegável que eles são bem feitinhos e engraçados e, logicamente, “The Big Bang Theory” tem o seu mérito de ser talvez a primeira série a explorar um estilo de vida que antes recebia pouca atenção na TV, mas, para mim, uma série realmente “inovadora” precisa ir muito mais além do que simplesmente ter boas piadas sobre física e personagens do universo nerd.
Ela precisa ser diferente. Precisa ousar.
Atualmente em sua quarta temporada, “Community” é uma série que está sempre ousando. Ambientada na cidade fictícia de Greendale, no Colorado, ela conta a história de alunos de uma (péssima) faculdade comunitária, que mesmo com as mais distintas idades, personalidades e trajetórias de vida, acabam criando uma amizade durante um grupo de estudos e se tornando inseparáveis.
“Community”, por algum motivo misterioso, não é tão conhecida como os programas citados acima, mas deveria. Tem excelentes piadas (talvez mais “sofisticadas” do que o normal. Alguns podem até achar elas rápidas demais) e personagens geniais como Abed (Danny Pudi), um maníaco que acha que vive dentro do mundo da cultura pop e o reitor da faculdade (Jim Rash), um cara completamente afetado que está sempre promovendo eventos especiais para poder vestir fantasias femininas.
Porém, a série se diferencia mesmo das demais (a ponto de inovar) quando resolve abandonar seu formato tradicional para fazer paródias elaboradas de filmes e séries, o que, felizmente, acontece com bastante frequência. E quando eu digo “elaboradas”, não estou falando de apenas uma cena ou outra. Quero dizer que o negócio é realmente levado a sério. Episódios inteiros são construídos em torno de referências a obras da cultura pop e a faculdade de Greendale acaba se tornando apenas um cenário para a série fazer o que faz de melhor.
Se você gosta de humor inteligente e quer ver uma série inovadora, dê um descanso para Sheldon Cooper e Alan Harper e assista “Community”.
Você não vai se arrepender.