TV de Qualidade: “Flight of the Conchords”
Colaboração
****Colaboração de Bruno Bloch****
Pouco se sabe sobre a Nova Zelândia.
É óbvio que ela fica perto da Austrália e todo mundo sabe também que lá é o lugar onde filmaram a saga “O Senhor dos Anéis”. Os mais bem informados podem até estar cientes de que a Nova Zelândia é boa nos esportes e tem uma ótima seleção de Rugby, uma das melhores do mundo. Mas o conhecimento sobre o país geralmente limita-se a essas informações.
Aproveitando-se do mistério acerca de sua terra, dois comediantes neozelandeses, Bret Mckenzie e Jermaine Clement, criaram uma carreira pelo resto do mundo. Especialistas em misturar música com comédia, a dupla, chamada Flight of the Conchords, fez várias turnês e participou de diversos especiais de TV, mas, em 2007, eles finalmente ganharam sua própria série. E na HBO.
Levando o mesmo nome da dupla, a série conta a trajetória (fictícia) de Bret e Jermaine, interpretando versões alternativas de si mesmos, dois músicos que saíram da Nova Zelândia em direção a Nova York para tentar vencer na indústria do entretenimento.
Só que Bret e Jermaine não se comportam como se fossem de outro país, e sim, agem como se tivessem vindo de outro planeta. De outra galáxia, na realidade. Um local bem distante, de cultura e costumes bastante particulares. É a Nova Zelândia criada por eles.
Bret e Jermaine são dois idiotas completos, que às vezes parecem ter a mentalidade de crianças de doze anos de idade. Ingênuos e sem talento nenhum, eles levam sua carreira musical muito a sério e são cercados por gente ainda mais idiota que eles, como seu empresário Murray (Rhys Darby), que ganha a vida trabalhando no consulado da Nova Zelândia em Nova York e Mel (Kristen Schaal), a única fã da dupla, uma sociopata que está sempre perseguindo os dois.
“Flight of the Conchords” é uma série diferente. Ela não tem o objetivo de contar uma inspiradora história de sucesso sobre dois jovens talentosos que deixaram para trás suas raízes humildes, atravessaram o oceano e conseguiram, contra todas as expectativas, vencer na vida. Pelo contrário. A série quer apenas contar uma história de fracasso e decepções amorosas e profissionais.
Seu humor também é bastante específico, dificilmente comparado a qualquer outra coisa na TV. É muito nonsense e suas piadas têm o poder incrível de serem consideradas banais e geniais ao mesmo tempo. À primeira vista, “Flight of the Conchords” pode até ser um pouco difícil de compreender, mas, com um pouco de paciência e depois de dois ou três episódios assistidos, as coisas começam a fazer (bastante) sentido.
Os números musicais (geralmente há dois por episódio, parodiando diversos estilos musicais) são excelentes e também um dos destaques da série.
Dê uma chance para a Nova Zelândia. Pelo menos a Nova Zelândia de “Flight of the Conchords”.