Um tipo de otimismo

José Danilo Rangel

Consequência de sonhar
nem sempre é sonho realizado,
pode ser o testemunho de sua dissolução,
Ver seu esmagamento sob o pé da realidade;
nem sempre de amar decorre ser amado,
às vezes, o retorno do amor é o desamor,
às vezes, a indiferença (algo talvez pior),
nem sempre confiar é melhor que desconfiar,
o silêncio melhor que a birra…
De tanto ir com tudo que tinha,
hoje, estou com o nariz torto
de tanto bater contra o muro da desilusão.
Hoje, resultado de muitos ontens
e de seus tristes conteúdos,
eu sempre considero o desastre
como possibilidade.
Sempre que começo algo,
sempre que me comprometo com algo,
as más experiências do passado
me correm ao pé do ouvido
E sussurram e berram:
dará tudo errado!
Concordo, mas corrijo:
tudo pode dar errado,
até mesmo a certeza do erro.
Entende? É um pessimismo que não me pára.
É só o que se ganha
por conhecer muitos finais que não felizes.
É um tipo de otimismo. Ao avesso, mas é.
É bom, de certa forma.
Além do mais, foi por aprender considerar
o desagradável como possível recompensa,
– como prêmio de sonhar, ver o sonho virar nada –
que aprendi a aproveitar o percurso,
a tentativa,
o arremesso e o movimento da flecha,
e não somente o lugar no alvo.
Sabe me dizer o fim universal de cada um?
Sabe pra onde vamos um pouco a cada dia?
Eu sei, mas nem por isso a ideia me assombra.
Entendo que a vida é um enquanto
e que muito vale esse enquanto
quando nele procuro me justificar.

José Danilo Rangel

José Danilo Rangel tem 29 anos, é cearense, de Itaitinga, vive há 20 anos em Porto Velho, Rondônia, e já foi conhecido nas rodas undergrounds portovelhenses, por ser esportista radical e pela frequência (e confusões) em festas de metal. Sempre leu muito, mas não gostava de Poesia, na verdade, considerava-a futilidade. Escrevia artigos, crônicas, contos, mas nada em verso. Apaixonado, entanto, decidiu escrever um soneto para se declarar, foi assim que encontrou na Poesia um meio de falar sobre o que sempre achou importante falar.
NAN