‘A Lenda de Ochi’ mostra que nem sempre a A24 acerta

Bruno Oliveira

A Lenda de Ochi chega agora aos cinemas do Brasil como um novo filme de aventura e fantasia. O filme marca a estreia de Isaiah Saxon como diretor e roteirista de longa-metragem. A produção fica por conta da já renomada A24, conhecida por suas abordagens únicas e artísticas. Embora ofereça uma experiência visual rica e uma história emocionante sobre autodescoberta e a relação entre humanos e a natureza, o filme não passa de uma obra mediana que, de certa forma, repete narrativas já vistas.

Sinopse

A história se passa em uma vila remota na ilha de Carpathia, onde a jovem Yuri (interpretada por Helena Zengel) é criada com medo de uma espécie animal misteriosa conhecida como ochi. No entanto, quando ela descobre um bebê ochi ferido e abandonado, Yuri embarca em uma perigosa jornada para reuní-lo com sua família. Ao longo dessa aventura, ela não apenas descobrirá os segredos da floresta, mas também a verdadeira coragem que reside dentro dela, aprendendo lições valiosas sobre amizade e a importância de proteger a natureza.

Visualmente é tudo muito bonito

A primeira coisa que me chamou atenção foi a inspiração em obras do diretor Wes Anderson (Os Excêntricos Tenenbaums). O uso das cores, câmeras, a condução dos atores e a forma excêntrica e divertida de narrar, com pitadas de nonsense, são notáveis. A inspiração é clara, mesmo que o filme não emule 100% o famoso diretor ou que ele, ou outros, considerem a afirmação absurda. Esse é, de certa forma, um ponto positivo. Visualmente, o filme é belíssimo, com uma cinematografia afiada que, para mim, constitui seu maior trunfo.

Alguns pontos negativos

Infelizmente, esse é o ponto alto do filme. Achei o filme bastante monótono. O ritmo é lento, mesmo para sua duração relativamente curta, e a narrativa me pareceu bastante previsível. Uma jornada de autodescoberta simplista, já vista em outras produções. Além disso, senti uma certa vergonha alheia em alguns momentos da interação entre a protagonista e a criatura lendária. A conexão com a natureza entre os dois personagens me pareceu forçada e pouco convincente. O tom maduro e até sombrio contrasta com a história fantasiosa de uma criança tentando se conectar com a natureza. A tentativa foi válida, mas não me convenceu.

O uso de marionetes valoriza o resultado final

Voltando aos pontos positivos, destaco o uso de marionetes para a representação das criaturas. A escolha por efeitos práticos em vez do famigerado CGI ganhou pontos comigo, pois valorizo muito essa forma de arte. Para o bebê ochi, foram necessários sete artistas para operá-lo, o que confere à criatura uma sensação de vida e movimento muito fluido. Os ochis maiores, ou adultos, são realizados por atores usando trajes, adicionando uma camada de realismo às interações físicas. A sensação de estarmos vendo uma obra de fantasia dos anos 80 é evidente, o que me proporcionou um frescor nostálgico e uma simpatia extra por algo que, de fato, não estava me agradando.

Conclusão

Nem sempre a A24 acerta. Embora A Lenda de Ochi não seja um filme deplorável, ele fica aquém do que poderia nos proporcionar. O visual é deslumbrante e o uso de marionetes torna tudo mais palpável e com um charme nostálgico. No entanto, o ritmo lento e um tom sombrio demais para a proposta da história deixaram um pouco a desejar no resultado final. Apesar dessas nuances, a ambição artística e a dedicação aos efeitos práticos me fazem respeitar a obra mais do que realmente gostar dela.

Onde assistir ao filme A Lenda de Ochi?

O filme A Lenda de Ochi está em cartaz nos cinemas brasileiros desde 29 de maio de 2025.

Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso que fala sobre Cultura Pop.

Elenco de A Lenda de Ochi

Helena Zengel
Willem Dafor
Emily Watson
Finn Wolfhard

Trailer – A Lenda de Ochi

Ficha Técnica – A Lenda de Ochi

Título original: The Legend of Ochi
Direção: Isaiah Saxon
Roteiro: Isaiah Saxon
Duração: 95 minutos
País: Estados Unidos da América, Finlândia, Reino Unido
Gênero: aventura, fantasia
Ano: 2025
Classificação: 12 anos

Bruno Oliveira

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