CRÍTICA | ‘Jason Bourne’ é um filme inferior aos três primeiros e infinitamente melhor do que o quarto

Thiago de Mello

Nove anos após seu desaparecimento, Jason Bourne (Matt Damon) está na Grécia, onde participa de lutas clandestinas. Enquanto isso, Nicky Parsons (Julia Stiles) hackeou a CIA e conseguiu documentos que planeja expor ao mundo. Parsons vai atrás de Bourne e afirma ter encontrado mais informações sobre o seu misterioso passado. Assim, o diretor da CIA, Robert Dewey (Tommy Lee Jones), inicia nova caçada ao ex-agente.

A notícia de mais um filme da ótima franquia Bourne caiu como uma bomba nos meus sentimentos. Após o fraco O Legado Bourne, fiquei tão animado quanto preocupado com a chegada do novo filme. Quando soube que Paul Greengrass, o diretor de A Supremacia Bourne (2004) e O Ultimato Bourne (2007), retornaria à direção, houve um alívio. Ainda assim, os três primeiros filmes fecharam uma trilogia perfeita, evento não muito comum no cinema. Será que o Jason Bourne filme faria jus?

Greengrass entrega, mais uma vez, boa parte de tudo que adoramos na franquia Bourne: ótima ação, perseguições frenéticas, espionagem, ambientação global, tensão envolvente, rápida edição e boas atuações. Mas, ignorando O Legado, é a primeira vez que a história não possui tanto apelo esperado.
O começo do filme é animador. A primeira cena de Matt Damon é ótima e rapidamente mostra que mesmo quase 10 anos depois, Bourne continua imponente. Pouco tempo depois há uma perseguição nas ruas da Grécia, durante um protesto contra o governo, que é simplesmente sensacional. Tal como seu desfecho, que possui boa carga dramática. A primeira parte do filme caminhava muito bem, até outro ponto focal da história.
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Uma das grandes discussões do momento é sobre o acesso a informações versus liberdade digital. Temos exemplos disso aqui no Brasil (bloqueios do WhatsApp), mas o filme se apoia na briga entre FBI e a Apple, nos Estados Unidos. É um debate complicado e atual, o que traz o filme para “mais perto” de nós.
O problema é o tempo gasto e o desenvolvimento desse debate. Esse reflexo social funciona muito bem em filmes quando a discussão entrega bons diálogos, novas ideias, dados e aplicações interessantes. Só que não há nada disso em Jason Bourne. Há debates rápidos que não vão nada além do que já sabemos e vimos. E quando não há nada de novo a acrescentar, quanto mais tempo gasto, mais enfadonho fica.
Mesmo assim, Jason Bourne continua sendo um bom filme. E boa parte do mérito vai para os atores. Matt Damon entende bem o personagem e consegue mantê-lo relevante e cativante até hoje. Alica Vikander, que interpreta Heather Lee, uma promissora agente da CIA, também faz belo trabalho. Aliás, Lee é uma personagem intrigante, que constantemente te deixa com certa dúvida sobre suas ações. E é dela que nasce a possibilidade de mais filmes da franquia.
Tommy Lee Jones faz seu papel de sempre e isso nunca é ruim. Mesmo que o personagem seja um pouco raso, o veterano ator consegue, através da voz, do olhar e de suas profundas olheiras, criar uma ameaça complacente.
Vicent Cassel começa como um vilão de motivação bastante interessante. Mas um detalhe da história acaba tirando limando o que poderia ser uma particularidade bem mais interessante, transformando um personagem num antagonista básico. Mas nada que comprometa realmente, principalmente por conta da interação entre ele e Bourne, culminando em uma frenética perseguição e no breve, mas intenso duelo final.
Jason Bourne é um filme inferior aos três primeiros e infinitamente melhor do que o quarto. Porém nada isso é uma surpresa quando se considera a qualidade dos longas anteriores.  No final das contas, o quinto filme da franquia possui um defeito dentre várias qualidades. Ou seja, a diversão continua garantida!
Jason Bourne estreia em 28 de julho nos cinemas!

FICHA TÉCNICA

Título original: Jason Bourne
Distribuição: Universal
Data de estreia: qui, 28/07/16
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Ano de produçãO: 2015
Duração: 123 minutos
Classificação: 14 anos
Direção: Paul Greengrass
Roteiro: Christopher Rouse, Matt Damon, Paul Greengrass
Elenco: Matt Damon, Julia Stiles, Vincent Cassel

Thiago de Mello

Jornalista amante de cinema, de rock, de cultura pop e de Bloody Mary. Além de colaborar para o Blah Cultural, é idealizador do osete.com.br.

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