CRÍTICA #2 | ‘Alien: Covenant’ tem visual espetacular, final eletrizante e elenco de alto nível!

Bruno Giacobbo

Quando o homem começou a navegar, dizia-se que não havia desafio maior do que explorar os sete mares. Vencida esta aventura, a humanidade começou a olhar em direção ao céu. Esta era a novíssima fronteira. E, à medida que fomos nos desenvolvendo, ela foi perseguida com afinco. Primeiro, inventamos o avião. Depois os foguetes e assim novos limites foram sendo estabelecidos. Na série de filmes “Alien”, iniciada em 1979 com o clássico da ficção científica assinado por Ridley Scott, desbravar o espaço sideral é a missão primária de seus heróis. O alienígena que cruza o caminho destes bravos é sempre uma pedra no percurso, um obstáculo não calculado. Paralela e simultaneamente, outros temas são abordados e discutidos. O mais corriqueiro, talvez. a tentativa de controlar os aliens e transforma-los em arma. Em Alien: Covenant (idem) não poderia ser diferente. A viagem pelo infinito está lá, presente, mas o longa não trata apenas disto.

CRÍTICA #1 | ‘Alien: Covenant’ traz todo o clima da clássica franquia

Esta nova aventura, situada entre “Prometheus” (2012) e a película original, segue o rastro da nave Covenant rumo à um planeta localizado em uma galáxia distante. Dentro dela, dois mil humanos. O objetivo é colonizar este mundo. Durante esta longa jornada, o único que está acordado é Walter (Michael Fassbender), um andróide que tem como função principal supervisionar o funcionamento da espaçonave. Faltando sete anos para chegar ao destino traçado, um acidente totalmente fortuito desperta a tripulação e provoca a morte de alguns dos seus integrantes, entre eles o comandante Jacob Branson (James Franco, em uma pequena participação não creditada). No entanto, não há tempo para lamentar, eles precisam seguir em frente.

Prontos para zarpar, com todos os reparos feitos e já sob a liderança do capitão Christopher Oram (Billy Crudup) e de Daniels (Katherine Waterston), viúva do falecido comandante, a nave intercepta uma transmissão. Uma música. Para ser preciso, uma canção country de John Denver. Um sinal claro de vida inteligente terráquea naquele canto remoto do universo e oriundo de um planeta que, aparentemente, reúne todas as condições básicas para abrigar uma civilização humana. Depois do trauma recém sofrido, a chance de encerrar logo  tão penosa viagem é muito tentadora. Atendendo a um desejo da maioria da tripulação, o capitão decide investigar o lugar afim de descobrir se tem alguém tentando se comunicar com eles. E é lá, neste mundo desconhecido, que a história dará sua guinada definitiva.

Com a evolução tecnológica, tão antigo quanto o desejo de desbravar novos horizontes é o anseio, ainda que inconsciente para algumas pessoas, de brincarmos de Deus. Estamos longe de ser o grupo mais forte que já caminhou pela Terra. Não resistiríamos a um embate com os dinossauros se tivéssemos vivido na mesma época que estes gigantes, mas nosso cérebro e a inata capacidade de criar e improvisar nos deram a ilusão de que a divindade é algo tangível. Recorrente em “Alien”, esta temática está de volta de uma maneira que, admito, não havia imaginado até assistir a este novo capítulo da franquia. Antes de continuar, um aviso: “Prometheus” é importantíssimo para a total elucubração deste raciocínio e a compreensão do longa em questão.

Não sei se esta era a intenção inicial de Ridley Scott, mas nitidamente ele está em um momento George Lucas. Após uma quadrilogia que, mesmo com seus altos e baixos (muito em função da troca de comando, ele só dirigiu um filme), arrebatou fãs pelos quatro cantos do globo, com a realização de Alien: Covenant, o cineasta pavimentou a trilha para uma trilogia que tem tudo para descambar no início do longa-metragem original. A menos que este seja um fracasso retumbante e que não haja interesse por parte do estúdio, cabe, sim, mais um capítulo sequencial onde todas as pontas seriam devidamente amarradas. E, claro, para não fugir da comparação, temos aqui o surgimento de um vilão surpreendente. Ele não é um Darth Vader e a origem de sua maldade é mais complicada de ser decifrada, mas ele provoca calafrios. Em uma de suas melhores cenas, evoca “Ozymandias”, soneto de Percy Shelley, em uma referência clara a dois personagens do cinema e da televisão que também ‘camuflam’ suas identidades. .

Visualmente a obra é espetacular! Vantagem de uma cinematografia moderna, em que toda ficção científica de grande orçamento larga na dianteira. Contudo, fotografia, desenho de produção, efeitos especiais e sonoros, elementos que se destacam em um primeiro momento, não estão sozinhos. O enredo cumpre rigorosamente a missão de partir de onde seu antecessor parou e deixar uma porta escancarada para a continuação. Calma, pessoal, pois isto não quer dizer que não temos aqui um grand finale. Temos, sim, e ele é de tirar o fôlego. De resto, em torno de Fassbender e Waterston, o diretor conseguiu reunir um elenco de apoio que se destaca, com um pouco mais de brilho para  Danny McBride e Callie Hernandez. Se eu tivesse que compartilhar minhas últimas horas de vida, no espaço, lutando contra um xemorfo assassino, eu gostaria que fosse com estas pessoas.

Desliguem seus celulares e boa viagem.

TRAILER:

FOTOS:

FICHA TÉCNICA:

Título original: Alien: Covenant
Direção: Ridley Scott
Elenco: Michael Fassbender, Katherine Waterston, Billy Crudup, Noomi Rapace, Danny McBride
Distribuição: Fox
Data de estreia: qui, 11/05/17
País: Estados Unidos
Gênero: aventura
Ano de produção: 2015
Duração: 122 minutos
Classificação: 14 anos

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.

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