Biografia de autor | Ernest Hemingway

Vanesca Soares

Um dos grandes escritores norte-americanos, Ernest Miller Hemingway nasceu em Oak Park, Illinois, em 21 de Julho de 1899 e morreu em Ketchum, Idaho, em 2 de Julho de 1961. A causa da morte foi suicídio.
Hemingway fez parte da comunidade de escritores expatriados em Paris conhecida como geração perdida, nome inventado e popularizado por Gertrude Stein. Levando uma vida turbulenta, Hemingway casou-se quatro vezes, além de ter tido vários relacionamentos românticos. Em 1952, publicou O Velho e o Mar, com o qual ganhou o prêmio Pulitzer de 1953. Também foi laureado com o Nobel de Literatura de 1954.
A vida e a obra de Hemingway têm intensa relação com a Espanha, país onde viveu por quatro anos. Foi uma breve mas marcante passagem para o escritor americano, que estabeleceu uma relação emotiva e ideológica com os espanhóis. Em Pamplona, fascinou-se pelas touradas, vindo a transportar essa experiência para o seu livro O Sol Também Se Levanta (1926). Ao cobrir a Guerra Civil Espanhola como jornalista do North American Newspaper Alliance, não hesitou em se aliar às forças republicanas contra o fascismo, o que viria a ser o tema do livro Por Quem os Sinos Dobram (1940), considerada sua obra prima.
Ainda muito jovem, quando a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) assombrava o mundo, decidiu ir à Europa pela primeira vez. Hemingway havia terminado o segundo grau em Oak Park e trabalhado como jornalista no Kansas City Star. Tentou alistar-se, mas foi preterido por ter um problema na visão. Decidido a ir à guerra, conseguiu uma vaga de motorista de ambulância na Cruz Vermelha. Na Itália, apaixonou-se pela enfermeira Agnes Von Kurowsky, sua inspiração na criação da heroína de Adeus às Armas (1929) – a inglesa Catherine Barkley. Atingido por uma bomba, retornou para Oak Park que, depois do que viu na Itália, tornou-se monótona demais para ele.
Em 1921, ele volta à Europa, em Paris, recém-casado com Elizabeth Hadley Richardson, seu primeiro casamento. Com ela, Hemingway teve seu primeiro filho. Na ocasião, trabalhava para o Toronto Star Weekly e, em início de carreira, se aproximou de outros escritores principiantes: Ezra Pound (1885 – 1972), Scott Fitzgerald (1896 – 1940) e Gertrude Stein (1874 – 1940).
O seu segundo casamento (1927) foi com a jornalista de moda Pauline Pfeiffer. Com ela teve dois filhos. Em 1928, o casal decidiu morar em Key West, na Flórida. O escritor sentiu falta da vida de jornalista e correspondente internacional. O casamento com Pauline era instável.

Hemingway em 1923

Hemingway em 1923


Nessa época, conhece Joe Russell, dono do Sloppy Joe’s Bar e companheiro de farra. Já na década de 1930, resolveu partir com o amigo para uma pescaria. Dois dias em alto-mar que terminaram em Havana, capital cubana, para onde voltava anualmente na época da pesca ao marlim. Hospedava-se no Hotel Ambos Mundos, em plena Habana Vieja, bairro mais antigo da cidade que se tornava o lar do escritor, e os cenários que comporiam sua história e a da própria ilha pelos próximos 23 anos. Duas décadas de turbulências que teriam, como desfechos, a revolução socialista e o suicídio do escritor.
Em Cuba, o escritor se apaixonou por Jane Mason, casada com o diretor de operações da Pan American Airways e se tornaram amantes. Em 1936, novamente se apaixona, desta feita pela destemida jornalista Martha Gellhorn, motivo do segundo divórcio, confirmando o que predisse seu amigo, Scott Fitzgerald, quando eles se conheceram em Paris: “Você vai precisar de uma mulher a cada livro”. Assim, Hemingway partiu para a Espanha, onde Martha já estava, e, em meio à guerra, os dois viveram um romance que resultou no seu terceiro casamento. Quando a república espanhola caiu e a Europa vivia o prenúncio de um conflito generalizado, Hemingway retornou para Cuba com Martha.
Em Cuba, durante a Segunda Guerra Mundial, Hemingway montou uma rede de informantes com a finalidade de fornecer ao governo dos Estados Unidos informações sobre os espanhóis simpatizantes do fascismo na ilha. Também passou a patrulhar o litoral a bordo de seu iate Pilar na busca de possíveis submarinos alemães. Porém a Agência Federal de Investigação dos Estados Unidos via com desconfiança a colaboração de Hemingway, por considerá-lo um simpatizante do comunismo.
Em 1946, o escritor casa-se pela quarta e última vez com Mary Welsh, também jornalista, mas tímida e disposta a viver ao lado de um Hemingway cada vez mais instável emocionalmente.
Ao longo da vida do escritor, o tema suicídio aparece com muita freqüência em escritos, cartas e conversas. Seu pai, Clarence Edmonds Hemingway, suicidou-se em 1929 por problemas de saúde e financeiros. Sua mãe, Grace Hall-Hemingway, dona de casa e professora de canto e ópera, atormentava o escritor com sua personalidade dominadora. Ela enviou-lhe pelo correio a pistola com a qual o seu pai havia se matado. Hemingway, atônito, não sabia se ela queria que ele repetisse o ato do pai ou que guardasse a arma como lembrança. Aos 61 anos e enfrentando problemas de hipertensão, diabetes, depressão e perda de memória, Hemingway decidiu seguir os passos do pai.
Todas as personagens deste escritor se defrontaram com o problema da evidência trágica do fim. Hemingway não pôde aceitá-la. A vida inteira jogou com a morte, até que, na manhã de 2 de julho de 1961, tomou um fuzil de caça e disparou contra si mesmo. Encontra-se sepultado no Cemitério de Ketchum, em Ketchum, no Condado de Blaine, em Idaho, nos Estados Unidos.
Por quem os sinos dobram

Obra prima de Ernest Hemingway


 
Obras:
Romances
1925 – The Torrents of Spring (As Torrentes da Primavera);
1926 – The Sun Also Rises (O Sol Também Se Levanta);
1929 – A Farewell to Arms (Adeus às Armas);
1937 – To Have and Have Not (Ter e Não Ter);
1940 – For Whom the Bell Tolls (Por Quem os Sinos Dobram);
1950 – Across the River and Into the Trees (Do Outro Lado do Rio e Entre as Árvores);
1952 – The Old Man and the Sea (O Velho e o Mar);
1962 – Adventures of a Young Man (Aventuras de um Homem Jovem);
1970 – Islands in the Stream (As Ilhas da Corrente);
1986 – The Garden of Eden (O Jardim do Éden).
 
Não ficção
1932 – Death in the Afternoon (Morte na tarde);
1935 – Green Hills of Africa (Verdes colinas da África);
1960 – The Dangerous Summer (O Verão Perigoso);
1964 – A Moveable Feast (Paris é uma Festa);
1999 – True at First Light (Verdade ao Amanhecer);
2003 – Ernest Hemingway Selected Letters 1917-1961;
2005 – Under Kilimanjaro.
 
Contos e pequenas histórias
1923 – Three Stories and Ten Poems;
1925 – In Our Time;
1927 – Men Without Women;
1932 – The Snows of Kilimanjaro;
1933 – Winner Takes Nothing;
1938 – The Fifth Column and the First Forty-Nine Stories;
1947 – The Essential Hemingway;
1953 – The Hemingway Reader;
1972 – The Nick Adams Stories;
1976 – The Complete Short Stories of Ernest Hemingway;
1995 – Collected Stories.
 
 
 
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Vanesca Soares

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