Anna – O Perigo tem Nome (3)

CRÍTICA | ‘Anna – O Perigo Tem Nome’

Alvaro Tallarico

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19 de agosto de 2019

O mundo da moda. Fotos para cá, fotos para lá. Aí está a loira, linda e magra modelo europeia Anna. Ah… Europa, um show de arquitetura. E o que mais? A celebradíssima Paris, sempre nublada, com aquele charme forçado, serve como um dos principais panos de fundo para o crescimento de uma assassina fria.

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A trama

A saber, Anna, cujos pais faleceram em um acidente, era vendedora de Matrioskas, aquelas bonecas típicas da Rússia, onde tem uma dentro da outra sucessivamente. Em certo momento, uma metáfora é apresentada a partir disso e entendemos melhor a personagem-título. Por outro lado, Sasha Luss desempenha bem um papel que não exige muito. Além disso, é fotogênica, passa certa frieza e sensibilidade, uma bonequinha russa com aparência frágil.

Entre uma confusão aqui e uma surpresinha acolá, a protagonista é convidada para trabalhar na KGB, a inteligência russa. A mulher parece ter potencial. Ágil, tem raciocínio rápido. Será que está pronta para encarar essas missões? Sobreviverá?

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Festival de punhaladas, facadas e tiros com pouca roupa

Anna – O Perigo Tem Nome (Anna) é um festival de punhaladas, facadas e tiros com pouca roupa. Tudo acrescido com um largo número de cabeças explodindo ao longo de 119 minutos. Acaba trazendo de volta um gosto de Guerra Fria, quando a CIA entra em cena. Aquela batalha de espionagem e artimanhas. Afinal, quem vencerá essa luta?

É um filme onde as mulheres são mais fortes e espertas do que os homens (alguma semelhança com o mundo real?). Os “pobrezinhos” são abusadores, bem como arrogantes e soberbos.

As cenas de ação, aliás, são ótimas, o que já é típico do diretor Luc Besson. A qualidade se mantém. Claro, há momentos em que não dá para se ater à verossimilhança, como numa das sequências finais dentro do quartel da KGB. A ideia é diversão, ver as brigas, assistir àquela magrinha, quase raquítica, derrubando homens e jogando xadrez.

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‘Nikita’ século XXI

Anna – O Perigo Tem Nome é uma mistura de 007 com Viúva Negra. Só que, na verdade, na verdade mesmo, Besson retorna ao próprio passado e remete (repete?) a outro filme que fez: “Nikita” (1990), com Anne Parillaud, sobre uma drogada que faz parte de uma gangue e acaba sendo recrutada como assassina pelo serviço de inteligência francês. O mote é praticamente idêntico. Esse longa ainda deu origem a duas séries para televisão, sendo “La Femme Nikita”, de 1997, a mais famosa.

Cuidado, Nikit… ops, Anna! O perigo não manda aviso. Mas tem nome, segundo o subtítulo brasileiro.

A saber, a sempre eficiente Helen Mirren vive Olga, chefe da Anna. De fato, a melhor atuação de todas. Sem dúvida. É quem mais se diverte usando de um certo ar falastrão. Tem também dois homens com certa relevância, Alex (Luke Evans, tipo galã russo), pela KGB, e Cillian Murphy (o charme tóxico), pela CIA.

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Zona de conforto

Hum… devo citar outra coisa que levanta alguns questionamentos importantes. Besson foi acusado de abuso sexual por nove mulheres diferentes, inclusive uma envolvida com a produção. Entretanto, o cineasta negou todas as alegações. Contudo, é uma situação que faz você pensar sobre alguém que tem sucesso contando histórias sobre mulheres fortes (“Joana D’Arc”, “Lucy”, “A Assassina”). De fato, o cara gosta de observá-las atirar, esfaquear e sofrer. Essa é uma informação que pode sim mudar a forma como você assiste ao filme.

Aliás, em Anna – O Perigo tem Nome, Luc Besson dirige um longa dentro de sua zona de conforto clichê. Entretendo razoavelmente e proporcionando algumas curvas legais. Nada muito surpreendente ou realmente especial. Os saltos temporais e as brincadeiras com a linearidade resultam OK. Seguidamente, e, diga-se de passagem, com certa efetividade, o filme prossegue por um caminho narrativo. Logo após, salta para outro à medida que cada reviravolta revela algo oculto. O diretor leva a história e a ação com clareza, enquanto habilmente utiliza detalhes que se revelam cruciais depois.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Anna
Direção: Luc Besson
Elenco: Sasha Luss, Helen Mirren, Luke Evans
Distribuição: Paris
Data de estreia: qui, 29/08/19
País: França
Gênero: ação
Ano de produção: 2018
Duração: 159 minutos
Classificação: 16 anos

Alvaro Tallarico

Jornalista vivente andante (não necessariamente nessa ordem), cidadão do mundo, pacifista, divulgador da arte como expressão da busca pela reflexão e transcendência humana. @viventeandante
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