CRÍTICA | ‘Conquistar, Amar e Viver Intensamente’ é vibrante e encantador

Paola Jullyanne

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15 de dezembro de 2018

Em meados de 1990, a comunidade LGBTQ+ vive tempos sombrios, atormentados por uma doença avassaladora que os médicos ainda não entendem e, por isso, não conseguem tratar. É nesse período complicado que conhecemos a história de Artur (Vincent Lacoste), um jovem que estuda em Rennes e está explorando sua sexualidade de maneira discreta e um tanto imprudente. Do outro lado temos Jacques (Pierre Deladonchamps), um escritor  de 39 anos famoso por seus best-sellers, que vive em Paris e é convidado para passar um dia em Rennes e visitar uma cia de teatro local.

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O encontro destes personagens em Conquistar, Amar e Viver Intensamente (Plaire, Aimer et Courir Vite) é algo muito sutil e espontâneo. Mesmo sem se conhecer, eles conseguem conversar apenas pelo olhar. Desde o primeiro contato entre os dois, fica muito claro a química e o sentimento entre eles. Artur, apesar de nunca ter lido algo do trabalho de Jacques, passa admirá-lo pelo seu conhecimento cultural e a sua paixão por aproveitar o que ele acredita ser seus últimos momentos de vida, isso porque o mesmo carrega o vírus HIV. A sombra da doença não é algo que assusta Artur, que não mede esforços para estar ao lado do homem que o conquistou de maneira tão particular.

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Existe uma notável diferença entre a vida dos protagonistas. Como já foi dito, Artur ainda está se descobrindo e isso implica em se relacionar com vários parceiros, mesmo tendo um relacionamento heterossexual. Algo que é encerrado de maneira subentendida durante o longa-metragem. Podemos acompanhar como os seus amigos e a sua ex-namorada reagem ao fato dele se declarar apaixonado por um parisiense.  Em contrapartida, Jacques é pai de um garoto, que tem por volta de 10 anos de idade e divide a semana entre dias na casa da mãe e do pai. O seu antigo parceiro, Marco, também é soropositivo, por estar em fase terminal Jacques o abriga em sua casa. O relacionamento entre os três é retratado de maneira muito natural, sem problematizar pai e filho ou os ex-companheiros.

Foto: Imovision / Divulgação

Conquistar, Amar e Viver Intensamente não é um filme sobre superação ou como lidar com uma doença grave. É uma história cativante que se utiliza de muitas cenas visuais e poucos diálogos para nos colocar dentro dos acontecimentos e nos contagiar com os dramas contidos em cada elemento presente na trama. Com direção de Christophe Honoré, trata-se de um enredo intenso, com bastantes referências a grandes obras literárias e teatrais. A trilha sonora é algo bastante envolvente e bem moldada, que, por vezes, acaba sendo o elemento principal das cenas. A produção é vibrante e encantadora desde sua fotografia até a forma em que o cineasta retrata o amor e a importância que lhe deve ser dada mesmo diante de grandes obstáculos como a promessa de uma morte próxima.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Plaire, Aimer et Courir Vite
Direção: Christophe Honoré
Roteiro: Christophe Honoré
Elenco: Vincent Lacoste, Pierre Deladonchamps, Denis Podalydès
Distribuição: Imovision
Data de estreia: qui, 20/12/18
País: França
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Duração: 132 minutos
Classificação: 16 anos

Paola Jullyanne

Pernambucana/carioca, cinéfila de carteirinha e viciada em séries. Curto uma boa música e uma boa leitura, não sou apegada a padrões e adoro um desafio.
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