Crítica de Filme | A Lição
Stenlånd Leandro
O Leste Europeu e suas tendências dramáticas em longa-metragem influenciam cada vez mais a opinião daqueles que não são tão adeptos do formato drama. Normalmente são produções duras e frias, em que os diretores hiperbolizam da forma mais dura no sofrimento de seus antagonistas e protagonistas. Não demonstra escarnio, mas chega a ser torrencial. A Lição é um longa que explora os problemas enfrentados pelo cidadão comum de seu país, que sofre nas mãos da burocracia e da ineficiência do sistema, pois a trama corroí a alma e mostra uma professora de ensino médio que descobre que um dos seus alunos foi roubado dentro da sala de aula. Por ser muito rígida em seus princípios, ela inicia uma jornada para descobrir e punir o responsável de qualquer maneira. Este sistema funcionaria aqui?
A personagem consegue se manifestar com uma entidade teatral onde o período exposto no título, trabalha o mental daquele que assiste ao filme. Numa espécie de segundo ato, a ação também tem um tempo definido a princípio: três dias, período que a protagonista Nade, uma professora, recebe dos oficiais de justiça para conseguir o dinheiro que impedirá que sua casa vá a leilão.
A forma lenta como tudo caminha é bastante intrigante, pois o cinema Búlgaro, ao menos para este filme, é envolvente demais. Opções estéticas também revelaram uma ligação com o realismo social que consagrou os irmãos Dardenne. Este realismo social que nunca funciona aqui, acaba de certo ângulo, funcionando lá e num trabalho bem diferenciado, a câmera, muitas vezes carregada na mão, acompanha de perto as longas caminhadas da protagonista à procura de uma solução para seus problemas, o que gera o fator minimalismo. Com uma filha para criar e um marido que mais atrapalha do que cria soluções (Tão óbvio nos dias de hoje), Nade se vê sozinha em meio a uma infinidade de dificuldades e burocracias (um banco ganancioso e pouco transparente; um empregador que some; um agiota que não aceita atrasos).

A película é muito dura, um sistema rígido que eu não conhecia, e para um país que quase sequer é mencionado nos sete mares. Há ótimos trabalhos de fotografia e direção de arte. Há também excelentes atuações, pois, o elenco conta ainda com boas presenças e raros elementos pífios na segunda metade do filme. O contexto do indivíduo contra o sistema que fere todo o psicológico nos dias de hoje, trabalha a curva ingrime pseudo dramática da sua protagonista, onde um espiral de sofrimentos é bem representado no decorrer do discurso do filme.
Há sim, o problema que todos tentam achar, que acaba sendo o funesto investimento tanto em um círculo de desgraças de sua protagonista que acaba exagerando e soando repetitivo. A dureza retratada tem seu valor na construção da personagem e do drama vivido ao longo dos seus 105 minutos de duração.
FICHA TÉCNICA
NOME ORIGINAL: Urok
PAÍS DE ORIGEM: Bulgária/Grécia
ANO: 2014
DURAÇÃO: 105 min
GÊNERO: Drama
DIREÇÃO: Kristina Grozeva, Petar Valchanov
ROTEIRO: Kristina Grozeva, Petar Valchanov
FOTOGRAFIA: Krum Rodriguez
EDIÇÃO: Petar Valchanov
FIGURINO: Kristina Tomova
ESTÚDIO: Abraxas Film, Graal Films, Little Wing Productions
PRODUÇÃO: Konstantina Stavrianou, Petar Valchanov, Irini Vougioukalou
ELENCO: Margita Gosheva, Ivan Barnev, Ivan Savov, Stefan Denolyubov, Ivanka Bratoeva, Ivanka Bratoeva, Poli Angelova, Kiril Bakalov, Mihail Boevski, Atanas Bratoev, Georgi Bratoev, Ana Bratoeva, Nadejda Bratoeva, Boris Doychinov, Vanina Geleva, Antoaneta Guleva, Magdelena Ilieva
Stenlånd Leandro
Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!















































