Crítica de Filme | Já Estou com Saudades
Melyssa Lopes
Quando juntamos as temáticas amizade e câncer em um mesmo filme, dirigido por Catherine Hardwicke e estrelado por Drew Barrymore e Toni Colette, no mesmo minuto pensamos se tratar de um filme “romantizado”, cheio de clichés sobre a superação da doença e a importância de uma amizade verdadeira durante o processo. Desta vez esse pensamento não pode ser aplicado. A diretora responsável pelo primeiro filme da franquia de sucesso adolescente Crepúsculo (Twilight 2008) e o longa de fantasia A garota da capa vermelha (Red riding hood- 2011) surpreendeu ao encontrar o tom perfeito entre as temáticas abordadas na trama, levando o público ao grau máximo de empatia e envolvimento com cada um dos personagens. Já Estou Com Saudades se inicia assim.
A história é contada por Jess (Drew Barrymore), que decorre do momento em que conheceu Milly (Toni Collette) até o descobrimento do câncer da amiga de forma detalhada passando pelo primeiro beijo, aventuras, o casamento, a vida cotidiana de cada uma delas, nos trazendo pra dentro desse universo. A Narrativa é leve e envolvente, com personagens tão cativantes e possíveis que em cada minuto o filme parece relatar uma história real, que teria acontecido facilmente com algum familiar ou vizinho nossos.
Roteiro inegavelmente original que, apesar dos milhares de outros filmes sobre o mesmo tema, acerta em cheio ao manter aspectos negativos e questionáveis de Milly, enquanto Jess mantém a humanidade e naturalidade ao lidar com a amiga e o universo problemático que agora as envolve.
Elenco de apoio bem aproveitado, com menção honrosa às atrizes Jacqueline Bisset e Honor Kneafsey, que interpretam respectivamente a mãe e a filha de Milly.
Ainda sobre os personagens, Hardwicke ganhou pontos ao escolher Toni, que fez até o momento, a cena mais tocante de sua carreira nesse filme enquanto ofusca a “queridinha” e muito bem estimada Drew, que interpreta a si mesmo, o que não chega a ser um ponto negativo, mas não surpreende na atuação.
A trilha sonora é fundamental na mudança do ar das cenas, que variam rapidamente entre risadas eufóricas à extrema reflexão e tristeza. As transições foram bem executadas assim como o enquadramento e zoom que, em cenas específicas, são capazes de transportar a dor no olhar de Toni para o telespectador.
Não é um filme de direção, embora não haja falhas significativas, e a história parece desenvolver-se rapidamente sem deixar a sensação de que poderia ter sido contada em menos tempo.
Filme bonito, tocante, daqueles que fazem chorar antes que termine e refletir sobre a história enquanto os créditos estão subindo. Aqueles que, como eu, forem assistir sem expectativa alguma sairão comovidos e encantados com a obra, e a todos aqueles que provavelmente questionarão se vale a pena assistir baseando-se nos outros longas da diretora, esse filme pode mudar (espero) a sua concepção sobre o que ela é capaz de fazer.
FICHA TÉCNICA
Gênero: Comédia Dramática
Direção: Catherine Hardwicke
Roteiro: Morwenna Banks
Elenco: Amy Clare Beales, Anjli Mohindra, Charlotte Hope, Charlotte Ubben, Dominic Cooper, Drew Barrymore, Eileen Davies, Honor Kneafsey, Jacqueline Bisset, Joanna Bobin, Kumud Pant, Noah Huntley, Paddy Considine, Toni Collette, Tyson Ritter
Produção: Christopher Simon
Fotografia: Elliot Davis
Montador: Phillip J. Bartell
Melyssa Lopes
Curiosa por natureza, movida por boa música, fascinada por livros velhos e amante dos bons filmes (e alguns ruins também). Enquanto houver café, o céu será o limite.
















































