Crítica de Filme | Manglehorn

Bruno Giacobbo

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7 de outubro de 2014

Assistir Al Pacino muito bem em cena é gratificante. Assisti-lo duas vezes é algo excepcional. Graças aos deuses do cinema e a organização do Festival do Rio, aqueles que, como eu, são fãs de um dos maiores interpretes de todos os tempos tiveram esta oportunidade. Depois de me deslumbrar com sua atuação no instigante ‘The Humbling‘, me emocionei com o tocante Manglehorn, do cineasta David Gordon Green.

Com roteiro de Paul Logan, o filme traz a história de um homem amargurado e com medo de ser feliz, o chaveiro Ângelo Manglehorn. Solitário, ele vive com uma gata de estimação chamada Fannie. Entre um serviço e outro, nosso protagonista arranja tempo para escrever cartas, que nunca são entregues, para uma mulher chamada Clara. São missivas de um amor perdido nas brumas do passado. O único contato mais estreito que ele se permite, com outra pessoa, é com a caixa de um banco (Holly Hunter) onde, toda sexta-feira, deposita seu dinheiro.

Não espere diálogos fantásticos e os coadjuvantes, aqui, nunca justificaram tão perfeitamente o nome, pois o que mais importa neste longa-metragem são as reflexões interiores, verdadeiros monólogos, do personagem título enquanto escreve as cartas. Através destas, vamos descobrindo que ele nem sempre foi assim e as coisas que o levaram àquela situação.

Manglehorn_meio

Com a câmera sempre em cima de Pacino, em um primeiro momento, a tendência é achar que será impossível o chaveiro sair deste enclausuramento. Contudo, quando ele deixa a emoção aflorar devido a um problema de saúde de Fannie, percebe-se que não. É esta lacuna aberta pelo bichano que o torna sensível ao contato com outros humanos. Da indiferença a simpatia com a mudança de humor e perspectiva de Manglehorn, dificilmente o público não se envolverá com o drama deste homem. Uma história realista e parecida com muitas por aí. Lá pelas tantas, um sorriso brotará no canto do lábio.

Calcado na grande atuação de sua estrela, Manglehorn é a prova de que um diretor não precisa inventar muito na hora de contar uma boa história. Com o texto e o elenco certos, muitas vezes, basta deixar as coisas fluírem. Assim, os únicos problemas no filme de Green são determinadas montagens onde assistimos duas cenas ao mesmo tempo. Confusas e visualmente poluídas.

Desliguem os celulares e boa diversão.

BEM NA FITA: Al Pacino. A história realista e tocante. Dá para se emocionar.
QUEIMOU O FILME: Determinadas montagens desnecessárias.
FICHA TÉCNICA:
Direção: David Gordon Green
Roteiro: Paul Logan
Elenco: Al Pacino, Holly Hunter, Chris Messina, Harmony Korine, Natalie Wilemon, Kristin Miller White
Edição: Colin Patton
Produção: Lisa Muskat, David Gordon Green, Derrick Tseng, Molly Conners, Christopher Woodrow
Direção de Arte: Joshua Locy
Fotografia: Tim Orr
Figurino: Jill Newell
Trilha sonora: Explosions In The Sky, David Wingo
Gênero: Drama
Duração: 97 min
País: EUA
Ano: 2014

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
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