Crítica de Série | Ballers (1ª Temporada)

Rafael Mendonca

Hoje, a HBO controla junto a outras produtoras, um ‘selo’ praticamente indiscutível de qualidade nas coisas que produz, sejam em séries ou filmes, suas criações e temas são diversos: vão desde a fantasia medieval, passando pelo glorioso e saudosista noir, chegando até os bastidores do esporte de maior fama nos EUA: o futebol americano. O esporte em sí concentra a maior audiência no país em suas finais e campeonatos. E é neste último aspecto que Ballers está inserido, com um foco a lá bastidores, lembrando um pouco de Entourage.

Tendo Dwayne Johnson, o The Rock, um dos atores mais queridos e carismáticos de Hollywood como principal personagem, sendo ele de nome Spencer, a série nos da 25 minutos por episódio mostrando como funciona toda a burocracia dos negócios e a vida dos milionários jogadores, ativos ou não.

Diante de toda a soberba e contratos, o seriado não possui um enredo muito centralizado, nenhum personagem tem uma sub trama pesada no sentido de intensidade e importância, nem mesmo nosso querido troglodita carrega motivações fortes e crises de um belo drama, não chegamos a nos importar realmente com as personagens, pois não há camadas, evoluções, mas isto, contraditoriamente ou não, não nos atrapalha ao assisti-la.

A série tem uma energia cativante, que nos confunde certamente de onde esta sendo exalada, talvez pelo demasiadamente simpático The Rock, que convenhamos, não é um ”baita” ator mas em suas propostas limitadas alcança o que esperam dele, ou por curiosidade, ou simplesmente pela certa ”leveza e futilidade” que a série nos ‘impõe’, futilidade esta não no sentido pejorativo, é fato, não é uma série de ouro, mas sua despretensão talvez seja sua chave.

ballers

Apesar dos ”não acertos” (não os chamo de erros), a temporada segue de modo fluído, e seus minutos se esvão em velocidades em que você se depara perguntando: ”Mas já acabou?”.

Para nós cinéfilos é uma maratona de cinco horas fácil, em que nada é muito profundo ou demasiadamente inteligente, mas que em doses ‘homeopáticas’ nos garante diversão, e até certos risos e identificação com os bastidores do esporte preferido de nosso país.

Ballers nós da cenas rápidas, devido seu também tempo rápido: em um instante há algo levemente dramático, e em outro isso se quebra ”bruscamente” num momento de absurdo ou pequeno riso.

A produção é claramente de uns bocados de milhões, como de se esperar da magnata HBO, carros luxuosos e mansões milionárias expõem a vida dura dos jogadores que fecham acordos de centenas de milhões. Sobre atuações, nada excepcional, The Rock se sustenta mais pelo que se mostra à mídia (na vida real) do que pela série em sí, a chamada à série é dele, e seu sócio de negócios Joe (Rob Corddry) nos entrega uma interpretação propositalmente exagerada, roubando a cena uma vez ou outra.

Encerrando: Ballers parece ser de uma ambiguidade interessante: não nos propondo ”nada”, nos propõe o que é mais importante à uma obra cinematográfica, sua diversão, e ao modo que os dez episódios se passam, vamos nos vendo consumir todo aquele ambiente e personagens de modo que nem tínhamos percebido.

Não espere algo intenso, e alias, não espero nem os jogos em sí, a primeira temporada se passa em pré estreia, assista-a sem esperar nada.

Repetindo, garante diversão caso queira algo de fácil consumo, e podendo ser de muito maior valia para aqueles que têm um contato mais íntimo com o esporte.

Rafael Mendonca

0