Crítica de Série | Vikings (3ª Temporada)

Stenlånd Leandro

Não há nada mais intrigante do que atacar, ser atacado e vencer. Se a vitória é algo prazeroso assim, para aqueles que sucumbem diante da espada mais cortante, simplesmente aprende que, é necessário muitas vezes mais que somente homens para se vencer uma batalha: É necessário astúcia.

O semi-lendário rei da Suécia e Dinamarca que reinou durante os séculos VIII e IX, Ragnar Lothbrok, tinha muita ambição, mas contida. Jarl Borg, Horik foram Earls/Reis que definharam perante a batalha contra ninguém menos que Ragnar. Todos que o traíram, acabaram fulminados. Mesmo Rollo (irmão de Ragnar) traindo ele de uma forma a juntar-se com outro Earl tão poderoso quanto na época, o famoso Jarl Borg, o mesmo aconteceu com o Rei Horik, que tentou tramar contra Ragnar colocando Floki contra quase todos. Estamos falando de um envolvimento torrencial. A segunda temporada acaba com o extermínio de Horik por tentar tramar contra o Earl.As intrigas começam quando Ragnar retorna a Inglaterra, com ambição de tomar por completa a região dominada até então por dois reis: Ecbert, que reina em Wessex. Todo tumulto acontece na região onde para evitar tormentos para sua terra, Ecbert tenta de alguma forma parar as forças Vikings que tentam dominar suas terras. Mas como todos puderam ver, A série Vikings assumiu um papel meio ”Game of Thrones” nesta terceira temporada, quebrando o ritmo e pegada animal que antes reinava. Impondo um ritmo mais lento na narrativa, independente do que manda o figurino.O lado bom é que a série já provou que quando embala ninguém a segura.

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Tivemos praticamente no meio da série (episódios 6,7,8) o roteiro mais slow-motion, muito sonolento, principalmente pelo fato de seus dramas não serem fortes o suficiente para manter o público interessado na possível trama, mas como nem tudo é guerra, mesmo quando é com personagens que adoramos, as coisas precisam se acalmar. Mesmo os Vikings precisam de descanso, retornarem para suas casas e mulheres. Sim, enquanto Floki nunca está satisfeito com as atuações de Ragnar por causa do seu amor para com Athelstan, outros sequer nem dão muita bola pro relacionamento entre Bjorn e Porunn.

Não é somente esse ”trelelê” que acontece na série, mas todos vimos a aproximação entre Ecbert e Lagertha que deveria ter rendido bons frutos ao menos para os Vikings, assim como a Judith e sua devoção para com o semi-padre, deverá ser o estopim para um conflito entre Athelstan e o filho do Rei. Ainda assim, foram muitas informações confusas em meio ao episódio, principalmente aquelas envolvendo o misterioso mendigo andante.

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Tivemos momentos tensos,  como o momento em Wessex, onde o Rei Ecbert promoveu um banho um tanto quanto inusitado com Lagertha, Athelstan e Judith, que de santinha parece ter nada. Athelstan mostrou também que não é flor que se cheire. O Priest, que quer largar o celibato, bem que tentou se engraçar para o lado da princesa, mas só fez deixar a mocinha com peso na consciência, e digamos que com mais tesão pelo falso monge.

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Enquanto isso, Floki se mostra revoltadinho. Não é mistério para ninguém que o personagem é um dos mais cativos do público em geral, mas também há de se convir que muitos tem se tornado haters, de modo que sempre que ele tem um maior destaque a qualidade do episódio automaticamente se eleva. A atuação de Gustaf Skarsgard é muito boa, e sinceramente, se ele fosse um bocado mais baixo, seria um magnífico Coringa para algum filme ai do Batman. O personagem possui atitudes que são extremamente coerentes com o que se espera de um bom nórdico, vítima da época em que vive. Se por um lado sua trama soa em um primeiro momento cansativa, por outro é importante para enfatizar como nem todos estão preparados (ou mesmo dispostos) a conciliarem duas crenças que são por natureza antagônicas entre si. Enquanto Ragnar aparenta ir para o lado dos Cristãos, Floki se vê revoltado pela cegueira do Rei e que Floki acaba virando um resmungão sem precedentes. Mas não há como não entender o por que ele vira resmungão. No início da primeira temporada, ele se tornou meio que o braço direito do novo Earl, e de repente, colocou em risco a vida de muitos ao confiar em Rollo quando ele ja tinha mostrado que o irmão de Ragnar o trairia. O mesmo aconteceu com Horik e agora com Ecbert e Athelstan. Aparentemente há uma ”treta” gigante, onde religião também será o pedestal para problemas no futuro.

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Ainda no âmbito da interpretação, merece destaque a crescente atuação de Linus Roache. Entretanto, desde sua aproximação com Lagertha (e, porque não, o Priest), o Rei vem numa ascendente de dar gosto. O ápice do bom momento do personagem se faz presente neste Scarred, em que prevalece a química entre Roache e Fimmel. Ambos tiveram momentos memoráveis, mas a cena final em que eles se olham e despejam as taças envenenadas em perfeita sincronia acaba gerando um alívio cômico involuntário, mas que funciona. As caras e bocas feitos pelos presentes no salão foram todas impagáveis. A expressão facial no rosto de cada um comunicava algo, sem que se precisasse dizer uma palavra, afinal essa é a forma mais antiga de comunicação, muito antes da linguagem oral ser inventada. Essa quebra de barreira é muito verossímil e interessante para a série.

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Mas acredito que todos estejam de acordo que , quando uma série está se aproximando de sua reta final é comum vermos episódios cada vez mais eletrizantes, com revelações e tramas de explodir cabeças, e mesmo apos um ataque insano à Paris tendo falhas enormes no ventre da batalha, faltou algo mais bombástica na trama como um todo, mesmo sempre compensando com ação e invasões que valiam a pena assistir, até mesmo melhores que as lutas de Game of Thrones com toda sua pompa e circunstância.

Há sim a dificuldade em adentrar os muros de Paris, com força ou inteligência, a falha acaba sendo iminente. Novos combates bem executados tecnicamente. É interessante notarmos as táticas nórdicas de combate, com Lagertha e companhia todos trabalhados no modo cauteloso. A morte de Sigfried foi a melhor coisa adentro da série. Foi hilário e bem diferente. Impactante como a remoção da mão de alguém lá de Game of Thrones, enquanto era prisioneiro da soldadinha que servia aos Stark. De volta ao Sigfried e sua linda morte (estranho não?), mas é sério. Ele morreu da forma que se espera de um nórdico de dois metros de altura, e quando ele faz o soldado perder metade da mão é impagável, um dos melhores momentos cômicos da série que até evita isso.

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O episódio final para enfim podermos dizer que é mais uma (Season Finale), chamado ”The Dead”, da a entende que alguém morrerá, que tem de sucumbir diante de alguém mais poderoso, mais forte. Mas a história precisa seguir a mesma lógica dos livros, e claro que quem você esteja pensando que morrerá, pode ser que não morra. É um episódio que eu acredito que não haja muita informação para passar, afinal, estejam todos vocês acompanhando, alguns estão esperando a legenda para poderem assisti-lo. De fato, é o melhor episódio da série, desde que Ragnar foi pego pelos seus amigos, sendo banhado num rio francês, sendo batizado, em homenagem ao amigo Athelstan. Dai por diante, tudo fica pesado, confuso e borrado. A premissa do episódio torna-se muito medieval e ao mesmo tempo religiosa. Este episódio, pode ser marcado como uma das coisas mais sutis e inteligentes da série. The Dead se faz necessário, para mostrar a outras culturas que nem somente da força eram feitos os Vikings, mas também sua inteligência ia muito além de suas limitações para a época.

Para resumir, esta temporada foi tão boa quanto a segunda, mas um bocado mais lenta, com roteiro se arrastando mais do que deveria para que pudessem dar um gás maior nos últimos episódios da série!

TRAILER:

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!

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