Crítica de Teatro | Doidas e Santas

Baseada nas crônicas de Martha Medeiros retiradas dos livros “Doidas e Santas”, “Tudo que eu queria te dizer” e “Coisas da Vida”, o espetáculo Doidas e Santas está em sua quinta temporada, e já foi visto por mais de 220 mil pessoas desde 2010, no Rio de Janeiro, São Paulo e outras 22 cidades.

Sem dúvida o texto de Regiana Antonini é um diferencial: leve, engraçado e cotidiano de uma maneira simples e fugaz. No entanto, existem várias menções sobre o mesmo assunto no decorrer do espetáculo, o que causa em determinados momentos certa exaustão, perdendo um pouco o ritmo. A direção é de Ernesto Piccolo, que assinou também a direção de “Divã”, outro espetáculo baseado em um livro da escritora e colunista, que virou até filme.

A peça é um projeto de Cissa Guimarães, que também é coprodutora e protagonista do espetáculo. Ela encarna uma Beatriz muito profissional, mas com diversos problemas em suas relações afetivas e familiares, que poderiam evidenciar o cotidiano de qualquer simples mortal. Segura e bem à vontade no papel, Cissa está o tempo todo em cena costurando os vários dramas vividos com os demais personagens. A atriz mostra que sabe fazer uma boa comédia.

A interpretação tríplice de Josie Antello (ela faz a mãe, a irmã e a filha da protagonista) é um espetáculo à parte. Uma atriz que encanta, surpreende e arranca boas risadas com os trejeitos, tiques e maneirismos que coloca nos papéis que interpreta. Destaque para a mãe com suas exigências loucas com relação a sua morte.

Para fechar a trama, Oscar Magrini completa o trio como um marido que tem dificuldade de se expressar, mas que no decorrer da narrativa se humaniza e sabe reconhecer e valorizar os dramas mais profundos vividos pelas mulheres em relação aos filhos, ao parceiro, a família, ao trabalho, aos cuidados com a beleza e ao envelhecimento. Arranca boas risadas neste turbilhão de emoções.

O cenário e os figurinos cumprem o seu papel no desenrolar da narrativa, atendendo ao movimento e a dinâmica dos personagens. A trilha sonora e iluminação acompanham bem a proposta.

E não tem como não se identificar com as situações ali vivenciadas, como Cissa mesmo faz questão de perguntar a plateia. Uma comédia romântica como ótima opção de entretenimento.

:: FICHA TÉCNICA

Texto: Regiana Antonini
Direção: Ernesto Piccolo
Elenco: Cissa Guimarães, Oscar Magrini e Josie Antello
Cenário: Sérgio Marimba
Desenho de Luz: Jorginho de Carvalho
Figurino: Helena Araújo e Djalma Brilhante
Trilha sonora: Rodrigo Penna
Assistente de direção: João Velho
Projeto Gráfico: Thomaz Velho, Darlan de Carvalho e Felipe Braga
Adaptação do Projeto Gráfico: Ralph Teixeira e
Fotos: Marcelo Correa
Direção de palco: Hildo de Assis
Técnico operador de luz: Vilmar Olos
Técnico operador de som: Thiago Pinto
Camareira e contrarregra: Cleiton Souza
Contrarregra: Elquires Sousa
Assistência de produção: Clarice Coelho
Produção executiva: Fernando Lauria
Direção de produção: Paula Salles
Coordenação Geral: Maria Siman
Idealização do projeto: Cissa Guimarães
Realização: BG Produções Artísticas e Primeira Página Produções Culturais