CRÍTICA | ‘Hereditário’ é ótimo, mas não é o “novo ‘Exorcista'”

Luciana Costa

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28 de junho de 2018

Eu sou absurdamente fã de filmes de terror, é o meu gênero favorito. Para vocês terem uma ideia, quando estou estressada, vejo um para relaxar e, muitas vezes, quando perco o sono, assisto a um antes de dormir. Tendo dito isto, você já sabe que me impressionar ou me traumatizar é difícil. Alguns longas (muito poucos mesmo) conseguiram me deixar levemente assustada, esse foi o caso do espanhol “O Orfanato”, do cineasta J.A. Bayona (Jurassic Park: O Reino Ameaçado). Porém, nem um pouco o de Hereditário.

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Gostei muito. Ele é, sim, muito bom, bem construído, com atuações realmente sensacionais, trilha sonora pontual, pertinente e, tenho certeza que se você é fã do gênero, vai gostar de ver. Acho quase impossível alguém sair do cinema decepcionado. No entanto, para mim, não há ali “O Novo Exorcista” como tenho lido em muitos lugares. Meu maior conselho é que você vá assistir ao filme sem grandes expectativas. Eu fui achando que veria a obra mais perturbadora e assustadora dos últimos anos, já estava com medo antecipado, quase deixei de ver por receio de ficar traumatizada, mas, na mesma noite, dormi perfeitamente bem. E nas seguintes também.

TERROR é o que há!

As duas horas e sete minutos do longa passam muito bem, não ficamos, em nenhum momento com aquela sensação de ter “muita barriga”. O início demora para engatilhar, mas esta demora, com certeza, é proposital. Estão nos apresentando os personagens, criando o clima mórbido e doentio de tensão que existe naquela família. O pensamento inicial é uma dúvida pura e simples: seria tal família vítima de uma doença mental genética gravíssima ou de algo sobrenatural?

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A atuação da veterana Toni Collette (“O Sexto Sentido”, Tudo que Quero”, “O Verão da Minha Vida”) é realmente espetacular, principalmente nas partes não faladas. As expressões dela já dão um toque especial ao longa, como as de Sissy Space, em “Carrie, a Estranha” (1976). Outro ator que nos surpreende positivamente é Alex Wolf (Jumanji: Bem-vindo à Selva). Algumas cenas poderiam ter ficado caricatas, caso ele não fosse bem-sucedido, felizmente, isso não aconteceu.

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Apesar de não ser um terror pautado em sustos fáceis, mas, sim, na atmosfera tensa, ele dá alguns bons sustos no espectador. Por fim, quero declarar que, no geral, Hereditário é ótimo. Como muitos disseram, tem um tom de “A Bruxa” (2015), mais pelo ritmo do que por qualquer outra coisa. Já outras produções às quais foi comparado não estão nem de longe ali. Apesar disso, ele não é inovador (o que, sinceramente, não é um problema). Existem histórias parecidas, só que esta ganha nossa admiração por ser muito bem executada. Temos aqui um pouco de “O Bebê de Rosemary” (1968), embora não seja a mesma trama. Contudo, se querem eleger uma obra do gênero como uma das melhores do ano, sugiro mesmo “Um Lugar Silencioso”.

*Crítica originalmente publicada no Cinematizando, blog parceiro do BLAH CULTURAL

::: TRAILER

::: FOTOS

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::: FICHA TÉCNICA

Título original: Hereditary
Direção: Ari Aster
Elenco: Toni Collette, Alex Wolff, Gabriel Byrne
Distribuição: Diamond Films
Data de estreia: qui, 21/06/18
País: Estados Unidos
Gênero: terror
Ano de produção: 2018
Classificação: 16 anos

Luciana Costa

Jornalista e crítica de cinema, apaixonada pela profissão. Só tiro a cabeça dos livros para prestar atenção em uma tela, seja essa tela de cinema, televisão ou de pintura. Obcecada pela beleza em suas mais variadas formas, estou sempre procurando poesia em todo lugar seja em obras de arte, vida pessoal ou borboletas voando por aí. Redatora e Fundadora do cinematizando.com.br. Colaboradora e parceira do Blah Cultural.
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