CRÍTICA | ‘Hestórias da Psicanálise – Leitores de Freud’ mostra a importância da obra do médico

Luigi Martini

A psicanálise é claramente uma das mais misteriosas e fascinantes descobertas científicas já exploradas até hoje. É misteriosa e fascinante por tratar de algo que pertence à nossa estrutura corporal e que, entretanto, não é controlada por nossas consciência. É essa força incontrolável que nos faz agrupar um conjunto de palavras simultaneamente, que nos faz pensar em algo quando estamos devaneando, e que está presente em nossos sonhos, dos quais construímos uma realidade tão real quanto a que conhecemos – podendo ser derivada de traumas, aspirações, medos; tudo está guardado na nossa caixa preta.

Em Hestórias da Psicanálise – Leitores de Freud (Brasil, 2016), há uma compilação de leituras de psicanalistas sobre o médico neurologista e criador da Psicanálise, Sigmund Freud. Este é, por muitos, um dos principais personagens da história moderna. Não apenas por sua contribuição ao campo ao qual deu origem, mas também por sua escrita romântica e atraente. Como é dito no filme por muitos leitores, seu texto é fascinante – “dá a impressão de estar tendo uma conversa com o leitor; ele traz questionamentos dos quais responde e em seguida os questiona, sempre deixando algo a se refletir”. Como ele mesmo diz, não tenta ser filosófico, mas não impede de deixar o leitor preso a tudo aquilo.

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A obra de Freud é importante por, como Schopenhauer e Nietzsche, enxergar algo que está para trás daquilo que aparece, trazer à tona um acordo tácito que ninguém fala. Como visto no filme “Freud – Além da Alma” (EUA,1962), Freud se considera traidor diante de seu professor – o qual põe em dúvida o projeto freudiano alegando que, como os escorpiões devem viver fora do alcance da luz porque se eles vierem para a luz eles atacam as pessoas, o estudo da psique também deveria seguir esse pressuposto.

Visto que possuímos um lado obscuro escondido (ID ou nosso instinto animal) que é derivado de tudo aquilo que vivemos e que explica grande parte de nossos comportamentos, a Pulsão de Morte – por ser fortemente regressiva, segundo sua afirmação – é a ideia de desejar de volta o estado em que não havia sofrimento, mas sim plena inocência: o antes do nascer. Como paradoxo o segundo meio e mais possível de se concretizar é a morte, daí a ocorrência do suicídio e a conclusão final de sua obra.

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
Direção: Francisco Ronald Capoulade Nogueira
Roteiro: Francisco Ronald Capoulade Nogueira
Distribuição: Espaço Filmes
Data de estreia: qui, 15/09/16
País: Brasil
Gênero: documentário
Ano de produção: 2015
Duração: 96 minutos
Classificação: Livre

Luigi Martini

Estudante de publicidade e futuro professor em estudos da comunicação, tecladista de uma banda alternativa em desenvolvimento e alguém que procura pensar sobre a vida e seus pertences através de filmes.

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