CRÍTICA | ‘Medo Viral’ é mais um terror do tipo “B” que merece ser esquecido

Bruno Cavalcante

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13 de agosto de 2018

O cinema de Terror está em uma ótima fase no mundo inteiro. Produções como “Invocação do Mal“, “Annabelle” e “IT” têm conseguido atrair multidões para as telonas. Até mesmo longas com um cunho mais psicológico, como o vencedor dos Oscar de Melhor Roteiro Original “Corra!“, ou o aclamado “Hereditário”, surgem como produções de grande interesse por parte do público e até mesmo da crítica especializada.

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Sabemos que é possível realizar bons filmes de terror com um pequeno orçamento, a julgar pelo primeiro “Atividade Paranormal” (2009), que custou míseros US$ 15 mil, mas obtendo um lucro de mais de US$ 110 milhões. No entanto, pegando o filão dos blockbuster assustadores, algumas produtoras às vezes pisam feio na bola e nos oferecem filmes que sequer conseguimos passar dos 15 minutos de duração. Esse é o caso de Medo Viral (Bedeviled).

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De certa forma, com inspirações que nos remetem aos longas “Friend Request” (2017) e “Amizade Desfeita” (2015), Medo Viral aborda um tipo de vírus em forma de aplicativo, que acaba infernizando a vida de um grupo de jovens estadunidenses. Quando sua best friend Nikki é encontrada morta em circunstâncias misteriosas, a jovem Alice (Saxon Sharbino) de repente recebe em seu celular, um convite vindo do aparelho de sua amiga já falecida – detalhe! – oferecendo acesso a uma espécie de “jogo” online. Então, Alice, sem titubear (claro que sim!), resolve acessar o dispositivo e, com isso, liberando uma maldição que posteriormente também viria afetar seus amigos mais próximos.

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Diferente do que acontece no filme “Verdade ou Desafio” (2018), no qual conseguimos identificar de maneira clara, a origem da problemática dos protagonistas. Em Medo Viral isso não acontece de maneira alguma, e do início ao fim você se pergunta “como assim?”. Se a primeira cena mostra Nikki enclausurada em seu quarto e logo depois esperando literalmente a morte chegar – risos porque foi assim mesmo..rsrs –, o restante do longa não consegue dar uma explicação que sustente a ideia do filme.

“Medo Viral” distribuidora Fênix Filmes (foto: divulgação).

Tudo bem, o insight inicial poderia até ser interessante, um plot em que estamos tão conectados com o nosso próprio mundo, principalmente através das mídias sociais, que pouco ligamos para o está ao nosso redor. Então a ideia de criar o aplicativo surgiu devido isso, com a intenção de que o medo pudesse novamente fazer parte de nossas vidas (O que???), ou pelo menos foi que o “mentor” do app apareceu dizendo em determinado momento. Não sei você, mas pra mim não fez qualquer sentido.

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Bem, e se o desenvolvimento do roteiro já não parecia ajudar muito, os efeitos especiais estavam ali para terminar de destruir a obra. Ficou claro que a produção do filme não estava querendo ter um gasto extra com efeitos e maquiagem, por isso as mortes nunca ficavam à mostra. Ou seja, uma pessoa era atacada pela entidade lá, e a gente tinha que acreditar que ela tinha morrido, pois logo em seguida vinha o corte para outra cena. Simples assim meus queridos. Mas, se por um lado eles estavam economizando na maquiagem do defunto, por outro, tentaram – a palavra é realmente tentaram – inserir algumas criaturas do além na trama. E vou te dizer, não poderia ter sido algo mais bizarro. Uma mistura de “It” versão paraguai – teve até cena com balão vermelho meus amores… -, “O Grito” e a Bruxa do 71 versão Samara. Mas o pior é que nem pra “terrir” aquilo serviu. Era realmente bizarro.

A coisa era tão louca, que até a produção do filme chegou a tirar sarro dele mesmo, com dois dos personagens dizendo algo como: “isso parece locação de um filme de terror bem ruim”; já o outro completava “nem tanto, pois o cara negro ainda está vivo”, em alusão ao racismo sofrido pelos negros em produções do gênero desde a década de 80. Aliás, Medo Viral, tadinho, até tentou introduzir algo mais sério, abordando o preconceito racial em uma cena muito rápida. Eu diria que aquela foi a melhor parte de todo filme. Podia acabar ali. Mas o caldo já estava tão azedo, que nada poderia salvá-lo.

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Por fim, podemos também dizer que as atuações não são das melhores. Saxon Sharbino, que já havia trabalhado no remake de “Poltergeist”, apareceu totalmente forçada e sem qualquer vontade de viver. Mitchell Edwards (A Primeira Noite de Crime) também não convenceu em momento nenhum. Já os outros nem merecem ser citados. A verdade é que Medo Viral é mais um filme de terror do tipo “B” adicionado à lista dos esquecidos. Mas, se ainda quiser conferir, espere para ver em casa, será menos traumático.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Bedeviled
Direção: Abel Vang, Burlee Vang
Elenco: Saxon Sharbino, Bonnie Morgan, Brandon Soo Hoo, Alexis G. Zall, Mitchell Edwards, Victory Van Tuyl, Robyn Cohen, Aaron Hendry, Kate Orsini, Matty Finochio
Distribuição: Fênix Filmes
Data de estreia: qui, 16/08/18
País: Estados Unidos
Gênero: Terror/ Suspense
Ano de produção: 2016
Classificação: 12 anos

Bruno Cavalcante

Meu nome é Bruno Cavalcante, sou formado em publicidade e propaganda, carioca, escorpiano, apaixonado pela vida e por cinema também. Meu gênero preferido é o terror, mas gosto e vejo de tudo um pouco.
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