Morto Não Fala

‘Morto Não Fala’ | CRÍTICA

Cadu Costa

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9 de outubro de 2019

Todo filme conta uma história. Sempre. E essas histórias usam meios para isso. Seja na direção de arte, seja na fotografia, seja no roteiro, nos efeitos, não importa. Sempre haverá um modo de captarmos o que querem nos mostrar. Mas, é claro… existem filmes que sabem contar uma boa história e tem aqueles que não. Morto Não Fala é daqueles que sabem.

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Violência nua e crua

Filmes de terror são sempre discriminados como aquele tipo de cinema onde a reação é mais física do que mental. Frequentemente vemos ou ouvimos comentários sobre produções que só querem provocar medos, sensações e não reflexões. Mentira! Filmes de terror trazem o inerente anseio de buscar os temores do nosso mundo. E o que o diretor Dennison Ramalho nos traz com seu Morto Não Fala dialoga e muito com o medo da sociedade atual: a violência nua e crua.

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A trama

A saber, o filme fala sobre Stênio, interpretado por um ótimo Daniel de Oliveira, um plantonista noturno de um necrotério que consegue conversar com os cadáveres do lugar. Stênio escuta diversos tipos de segredos dos mortos e costuma usar esse dom de uma forma boa. Mas, ao descobrir a traição de sua esposa Odete (Fabíula Nascimento), ele quebra uma regra desse além-vida e põe sua família em perigo. Com essa trama sobrenatural e muito bem construída, baseada num conto do jornalista Marcos de Castro, Morto Não Fala levantou o público no Fantastic Fest, em Austin, no Texas. Infelizmente, não tinha um público muito grande no nosso Rio Fantastik Festival, mas acredito que, quando estrear em circuito nacional, chamará mais a atenção do grande público.

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Foto: Globo Filmes / Divulgação

E acredito nisso por conta de seu elenco e financiamento ‘Global’. Ver a Globo Filmes pôr a mão (e a grana!) para fazer um filme de terror gore extremamente violento, ao invés de bancar mais uma porcaria qualquer do Leandro Hassum, é para glorificar de pé.

Para estômagos fortes

Aliás, Morto Não Fala não é recomendado para estômagos frescos. Isso porque tem pedaços de corpos, sangue e mutilações. Ou seja, muita nojeira mesmo. Então, para quem curte horror gore de qualidade – tipo Zé do Caixão e Rodrigo Aragão – vai se deliciar com tudo e ainda pedir mais. Ademais, os efeitos estão incríveis. Além disso, a história é dúbia porque a personagem de Fabíula Nascimento é uma vítima do machismo e, ao mesmo tempo, uma vilã medonha. De fato, mais um trabalho impecável dessa grande atriz. Méritos também pra Bianca Comparato (3%) que tem um outro contraponto no filme. Está ótima também.

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Foto: Globo Filmes / Divulgação

Por fim, se atentem às discussões provocadas no filme: machismo, intolerância, truculência e violência urbana no seu estado mais lamentável. E, por favor: comam depois de entrar nas salas… ou não. Consulte seu estômago antes.

*Filme visto na programação do 3º Rio Fantastik Festival e no Festival do Rio.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Direção: Dennison Ramalho
Elenco: Daniel de Oliveira, Fabíula Nascimento, Bianca Comparato
Estúdio / Distribuição: Globo Filmes
Data de estreia: qui, 19/09/19
País: Brasil
Gênero: Horror
Ano de produção: 2018
Duração: 110 minutos
Classificação: 14 anos

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
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