CRÍTICA | Suspense urbano de primeira, ‘No Andar de Baixo’ é envolvente do início ao fim

Bruno Giacobbo

A indústria cinematográfica norte-americana produziu ao longo dos anos 80 e 90 um tipo de filme que pode ser chamado de “suspense urbano”. Além de serem ambientados em cidades, eles eram protagonizados por pessoas aparentemente comuns. Claro, por de trás de casa rosto ordinário havia a possibilidade da existir um psicopata em potencial. Entre os títulos mais famosos deste subgênero estão “Dormindo com Inimigo” (1991), estrelado por Julia Roberts, e “A Mão que Balança o Berço” (1992), do saudoso Curtis Hanson. Um dia, não sei se detectaram uma súbita falta de público (não acredito muito), mas o fato é que estes longas foram minguando até quase sumirem completamente. Uma pena. Escrevo quase porque, bem de vez em quando, algum produtor ou diretor, volta a filmar uma obra assim. Este é o caso de No Andar de Baixo (The Ones Below), escrito e dirigido por David Farr.

no-andar-de-baixo-1

Uma produção britânica, filmada na Grã-Bretanha, mas seguindo os padrões ianques, o longa-metragem traz a história de Justin (Stephen Campbell) e Kate (Clemence Póesy), um casal jovem, a espera do primeiro filho, que vive no segundo andar de um bela casa. Um dia, se mudam para o andar de baixo, Jon (David Morrissey) e Theresa (Laura Birn). Ele, alemão de meia idade; ela, finlandesa e tão nova ou grávida quanto a vizinha de cima. A gravidez das duas mulheres ajudará na aproximação dos casais e, com o passar do tempo, uma estranha amizade nascerá desta relação. A partir deste ponto da história, revelar mais detalhes é correr o risco de contar spoilers e se vocês estão acostumados com este tipo de filme, já sabem o que deve acontecer.

Em seu longa-metragem de estreia, Farr se apresenta perante o público como um promissor contador de histórias. No Andar de Baixo é envolvente do início ao fim, nos enredando em um crescente jogo de sedução. Para seduzir seus espectadores desta forma, a escalação de duas atrizes lindas e competentes foi fundamental. Além disto, Pósey e Birn não chegam a ser propriamente grandes estrelas, o que acaba por emprestar veracidade aos fatos. A elas se junta Morrissey, o rosto mais conhecido de todos e excelente no papel de um marido controlador. O talento do diretor se sobressai na reta final da película, quando ele consegue prender atenção de todos, numa sequência de cenas que mantém o suspense e a surpresa final até o instante derradeiro. Será praticamente impossível alguém dizer que não se surpreendeu com o desfecho.

Desliguem os celulares e ótima diversão.

*(Filme visto no 18º Festival do Rio)

TRAILER:

FICHA TÉCNICA:
Título original: The Ones Below
Direção: David Farr
Roteiro: David Farr
Elenco: Clémence Poésy, David Morrissey, Jonathan Harden, Laura Birn, Natasha Alderslade
Gênero: Suspense
País: Grã-Bretanha, Irlanda do Norte
Ano: 2015
Duração: 87 min.
Classificação: a definir

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.

0