CRÍTICA | ‘Os Cavaleiros Brancos’ traz questões éticas e morais inerentes à realidade africana

Esta coprodução entre a França e a Bélgica ataca uma questão espinhosa para os europeus: a relação histórica com a África e as maneiras de ajudar o continente nos dias de hoje. Os protagonistas são membros de uma ONG que busca realizar um ato heroico: resgatar 300 crianças órfãs e entregá-las a famílias francesas, sem passar pelo trâmite burocrático habitual. A ação é secreta e ilegal, por isso o grupo chega ao continente disfarçado de outra ONG, fictícia, com o suposto objetivo de vacinar as crianças locais.

Os Cavaleiros Brancos (Les Chevaliers Blancs) traz questões éticas e morais inerentes à realidade africana. Os europeus podem decidir o destino dessas crianças? Até onde vão os conflitos regionais e sociais diante da precariedade, da miséria e da violência em tais locais?

Por ser uma história verídica, sabemos que os acontecimentos podem vir ou não a surpreender o público e não cabe ao diretor o domínio desta trama. Porém, é clara aqui a apatia emocional do enredo – a trilha sonora quase inexiste, a emoção dos personagens é contida em boa parte -, o que dificulta o entendimento real do ponto de vista do diretor perante ao espectador. Felizmente, a atuação do elenco reforça os pontos críticos da trama e trazem uma dose adequada de intensidade.

Algo que surpreende é o destino que nos é revelado; sem dúvida, nos faz refletir. Como o homem é capaz de produzir tanto mal? É isso produzido propriamente pelas tribos, aldeias e pelo pensamento africano ou é isso ocasionado por fatores coloniais, externos àquela vida, o que torna aquilo tudo condicionado? Seria a solução reparar as dores e sofrimentos dos mais necessitados e indefesos ou talvez pensar num reparo mais global, pensando melhor na raiz dos fatos?

TRAILER:

FICHA TÉCNICA:

Título original: Les chevaliers blancs
Distribuição: Imovision
Data de estreia: qui, 04/08/16
País: Bélgica
Gênero: drama
Ano de produção: 2016
Duração: 122 minutos
Classificação: 12 anos
Direção: Joachim Lafosse,
Roteiro: Joachim Lafosse, Bulle Decarpentries, Thomas Van Zuylen
Elenco: Louise Bourgoin, Vincent Lindon, Valérie Donzelli