CRÍTICA | Westworld – 2ª Temporada [SEM SPOILERS]

Pedro Marco

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25 de junho de 2018

No auge da Teogonia Grega, um titã rebelde chamado Prometeu, foi encarregado junto a seu irmão para moldarem as criaturas do mundo. Deram asas, garras, presas e toda a sorte de coisas para os animais. Mas quando chegou a vez dos humanos, nenhum outro recurso restava. Sendo feito então à sua imagem e semelhança, lhes foi dada a inteligência para viverem acima dos demais. Mas Prometeu queria mais. E em um momento de desobediência, deu aos homens o fogo, para que pudessem ser, de fato, independentes. Sua sina foi a eterna danação, onde seria torturado todos os dias, para, na manhã seguinte, estivesse regenerado e aguentaria tudo de novo. E, aos homens, foi destinada Pandora, a primeira mulher. A perfeição humana, cujo único defeito, a curiosidade, a fez abrir a caixa e libertar os males do mundo.

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Apesar de nunca ter sido admitido, esta provavelmente é uma das inúmeras bases de influência para a grande e acalmada nova série do canal HBO. Westworld trouxe em sua trama um par de sócios abrindo um parque onde tudo é liberado. A temática de velho oeste recheia este novo mundo, onde, por uma bagatela de US$ 40 mil ao dia (cerca de R$ 150 mil – nos dias atuais), você pode ser um vaqueiro sem amarras sociais.

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A Disney adulta de Ford e Arnold reabre suas portas nessa quentíssima segunda temporada. Com o final apoteótico do ano anterior, pegamos um novo trem num futuro não tão distante. Ed Harris, Rodrigo Santoro e companhia dão procedência após deixar todos nós boquiabertos com o balaço na cabeça do bom velhinho Anthony Hopkins, deixando o parque num estado de Jurassic Park, sem o PG13.

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A confiança na série, gerada pela marca do canal e os nomes emblemáticos de J.J Abrams e Johnattan Nolan por trás dos panos é entregue de forma digna. As linhas de tempo paralelas, flashbacks, ganchos de arrancar os cabelos e uma extensa gama de teorias, elevam Westworld como a única e verdadeira “Nova Lost” que tanto esperamos.

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A problemática da trama se inicia quando as humanizações dos anfitriões, em forma de devaneios, surgem de profundos sofrimentos, os fazem acessar suas memórias e os permite sair das narrativas pré-programadas. Sendo isto, uma metáfora segunda metáfora ao Darwinismo, que nos afastou da religião.

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As bases de referência da série não param na mitologia grega. E não, não estou falando no incrível easter egg de músicas pop da atualidade que tocam no piano do Mariposa ou na versão shogun de Rolling Stones. A série continua a crescente de paralelo bíblico, com suas discussões de livre arbítrio, pudor, consciência e revolta contra o criador. A Igreja central da cidade original ultrapassa o nível de apenas remeter a uma pacata cidade de interior e traça grandes sátiras como a sala de confessionário e o roteiro de narrativa passado durante a “missa”.

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Esta nova temporada ainda nos levou a pontos muito aguardados dos fãs do filme original (Westworld, 1973). Se lá tínhamos os magníficos parques de Roma e da Idade Média, agora somos apresentados na série ao Shogun e Índia, criando uma sólida mitologia para o universo.

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Após tantos segredos revelados nos primeiros 10 episódios, o segundo ano aposta menos nas complexas linhas temporais, investindo em uma narrativa mais cronológica com flashbacks e flashfowards pontuais. Novos personagens são introduzidos de forma intrigante e pouco a pouco caminhamos para uma trama sem amarras do passado.

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Apesar de extremamente bem amarradas em suas pontas, a produção ainda peca em longas tramas que não evoluem tanto o curso da história, deixando algumas buscas um tanto estáticas para se cumprir as 10 horas da temporada.

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Westworld, apesar de ainda jovem, já traz os murmúrios de algo que ficará marcado no mundo da televisão. O elenco estrelado e os questionamentos filosóficos, completam a programação de algo memorável, mesmo para os anfitriões. Saindo do modo análise e colocando o chapéu na cabeça, aguardemos este longo hiato até reabrir as portas do parque.

::: TRAILER

::: FOTOS

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::: FICHA TÉCNICA

Título original: Westworld
Direção: Frederick E.O. Toye
Elenco: Evan Rachel Wood, Ed Harris, Tessa Thompson, Jimmi Simpson, Ben Barnes, Talulah Riley, Thandie Newton, Gustaf Skarsgård, James Marsden, Angela Sarafyan, Shannon Woodward, Luke Hemsworth, Neil Jackson, Jonathan Tucker, Fares Fares, Katja Her
País: Estados Unidos
Ano: 2017
Gênero: Drama, Ficção Científica, Suspense
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 16 anos

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
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