Jackie Brown Quentin Tarantino

Especial Quentin Tarantino | A Blaxplotation de Jackie Brown

Pedro Marco

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7 de agosto de 2019

Em meio à uma carreira tão autoral, era difícil prever que logo em seu terceiro filme na cadeira de diretor, Quentin Tarantino traria uma adaptação literária. No ano de 1997, o cineasta traz o drama policial Jackie Brown”, baseado no livro Rum Punch (sem lançamento no Brasil) de Elmore Leonard.

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Sobre o filme

A saber, a trama simples acompanha uma aeromoça de 44 anos, vivida por Pam Grier. Ela se vê no meio de um jogo duplo entre a polícia e um traficante de armas. A mulher tem a possibilidade de embolsar meio milhão de dólares. Esta perseguição de gato e rato evolui numa crescente problemática de resoluções surpreendentes e divertidas, num filme com gosto de sessão da tarde.

Mas, claro, apesar de ser um roteiro adaptado com toda a essência do autor, o filme é recheado de marcas e assinaturas de Quentin Tarantino. Afinal, há referências musicais e cinematográficas; as clássicas tomadas de porta-malas, frente ao espelho e filmadas dentro de carros; a fascinação por pés e um elenco bastante estrelado, resgatando grandes nomes desaparecidos da indústria. Enfim, todas essas características tornam “Jackie Brown” um filme 100% tarantinesco.

Jackie Brown Quentin Tarantino (1)

Resgate ao movimento blaxplotation

Além de trazer Robert De Niro, Michael Keaton, Samuel L. Jackson e Bridget Fonda, o longa resgata Pam Grier de volta aos holofotes. Trata-se de uma grande homenagem ao movimento blaxplotation, do qual a atriz teve uma participação ativa. Referências, canções e takes homenageiam o clássico Foxy Brown, de Grier. Com isso, põe sobre um altar uma das maiores atrizes do cinema americano. Outro grande resgate veio de Robert Foster, um dos grandes expoentes de atuação dos anos 70, ao qual Tarantino compreendia grande admiração e o recolocou no estrelato.

Envolto de referências, o filme abre com uma homenagem à “A Primeira Noite de Um Homem”. Aliás, o clássico mais tarde também seria referenciado em “Kill Bill”, onde a marca acuna boys nomearia a gangue de Esteban Vihaio. Além do universo de Tarantino, o filme faz parte do próprio universo de Elmore Leonard, tendo uma sequência (“Irresistível Paixão”, em 1998, com Keaton e Jackson fazendo uma rápida participação especial de seus papéis) e uma prequel (“Sem Direito a Resgate”, tendo Yasiin Bey e John Hawkes reprisando os papéis de Jackson e De Niro).

Com um agradecimento final ao cineasta Samuel Fuller, “Jackie Brown” pode parecer uma decaída na carreira do diretor ao ser espremido entre seus dois longas mais relembrados (“Pulp Fiction” e “Kill Bill”). Entretanto, o longa é uma peça obrigatória em sua filmografia. Além disso, é um ponto alto na sua carreira mais voltada para fortes protagonistas femininas. Ademais, traz jogos de câmeras em um suspense empolgante de amor, assassinatos e drogas.

::: TRAILER

https://www.youtube.com/watch?v=HlAECQzTkfY

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
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