Festival Nova Música: Ganeshas e Novíssimos na primeira noite

Alan Daniel Braga

A noite desta terça-feira foi marcada pela estreia do Festival Nova Música, projeto que tem como proposta oferecer aos cariocas a oportunidade de conhecer as novas vozes e canções do cenário independente da cidade. Na chegada da Casa de Cultura Laura Alvim, espaço que abrigará os oito dias de festival, já deu para perceber, pela movimentação de ‘moços e moças’ com a camisa do evento, que a produção se preocupou com os pormenores da organização.

A abertura dos trabalhos foi feita por Felippe Llerena, criador e diretor do festival. Em seu discurso de boas vindas, o produtor lembrou que o objetivo do evento não é só dar espaço para novos artistas, mas reunir universos diferentes neste mesmo espaço. Sons e públicos que possam criar um ambiente diferenciado. E, embora as duas bandas escolhidas para a estreia tivessem um perfil jovem, deu para perceber o resultado deste encontro de identidades.

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FOTO: Sarah Pontes

A primeira atração a subir no palco do Festival Nova Música foi a eclética Ganeshas (quando a banda opta pela diversidade de estilos e não vem uma definição maior, mesmo que predomine o Rock à “MPB”, usamos o ‘eclética’ mesmo). Com alguns anos de estrada, um currículo que soma festivais como MADA e BdeBanda, do qual foi vencedor, participação em projetos como Oi Novo Som e Cover Flow, além da abertura do show do Tom Zé no Viradão Cultural Carioca de 2009, o Ganeshas mostrou tranquilidade ao abrir os trabalhos. A sonoridade traz uma mistura de tudo o que eles puderem fazer e a mágica se dá com o básico: bateria, guitarra, baixo e um eventual violão.5117

Durante o show, a irreverência mostrou que as cabeças e braços não apenas estavam em sintonia, mas se encontravam também em casa. Durante o repertório, que trazia algumas músicas do novo disco, Cabeça Parabólica – que será lançado “no segundo semestre… Nós já estamos no segundo semestre. É, ainda esse ano” – a banda aproveitou para tocar também as mais antigas, como “Trem”, cujo videoclipe, exibido na MTV e no Multishow, traz os atores Gregório Duvivier e Rafael Queiroga. Ao fim, sobrou espaço também para mostrar até onde vão os “ouvidos ganeshianos”, em uma versão para ‘Anunciação’, de Alceu Valença, e uma inusitada e mais pesada roupagem para ‘Beija-flor’, da Timbalada.

5118Depois de mostrar que quem não sabe dançar vira cantor para fazer o baile se animar, a banda deu a volta em problemas como uma corda arrebentada na única guitarra em campo, mas sofreu com problemas técnicos externos. Estava tudo planejado… O “bis” viria com o lançamento do novo videoclipe, “Da Panela”, música do novo álbum que a banda já havia executado no palco. Expectativa na coxia e na plateia, visto que família e amigos realmente formavam boa parte do público. E eis que as imagens de um passado distante dos membros da banda foram projetadas sem som. A estreia do clipe foi deixada para o fim do dia e, tenho pra mim, que algumas pessoas que aparecem no vídeo não estavam mais ali para assisti-lo. (Veja o clipe – que estreou hoje nas redes sociais – no fim da matéria). Pedido de desculpas da produção, intervalo e mudança no mando de campo.

A segunda atração da noite também foi uma grata surpresa. Novíssimos é uma banda que já foi um movimento. Surgiu com o encontro de novíssimos compositores da música popular, que mais tarde se juntou para tocar sua mistura de samba, jazz, música nordestina, funk-groove e salsa. Hoje são sete músicos no palco, com arranjos sofisticados de cordas, sopros, percussão e teclado eletrônico, além da afinada e suave voz do cantor, Marcelo De Lamare. Com uma trajetória um pouco mais recente, a banda também soma alguns anos de experiência e apresentações marcantes, como a abertura para o desfile de novos estilistas do Fashion Rio e o show de protesto da Ocupação do Canecão.

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FOTO: Sarah Pontes

O repertório do show foi bem particular, o que se espera de uma banda que tem como base a composição. Cada música tem uma parceria diferente, um estilo diferente, um caminho diferente. O único compositor de fora que figurou no set list foi Gilberto Gil, em uma versão do grupo para ‘Ladeira da Preguiça’. Entre as muitas histórias, destaque para a de Isabel, a musa inspiradora que encantou diversos músicos cariocas e depois desapareceu (fiz meu papel na manutenção do mito). Destaque também para o projeção de imagem do evento, que soube explorar bem o som do grupo.

A maior diferença sentida entre o segundo e o primeiro show foi a mudança de público. Embora a maioria dos espectadores fosse a mesma, quem mais se aproximava do palco eram os amigos… Mais propriamente, as amigas. Jovens animadas que sabiam cantar as músicas e ousavam até uns passos de dança no canto do teatro. Novíssimos mostrou que bandas de sonoridade ‘mais leve’ também podem ter seguidoras ardorosas.

FOTO: Sarah Pontes

FOTO: Sarah Pontes


Com a apresentação do clipe dos Ganeshas, a noite chegou ao fim… Mas o Festival da Nova Música apenas começou. Hoje tem mais, com os shows de Júlia Vargas e da banda Uzoto. A programação completa do Festival pode ser conferida em matéria anterior do Blah ou na página do evento no Facebook.
Ganeshas são:
Brenno Quadros – voz
Bruno Keleta – guitarra
Felipe Genes – bateria
Marcelo Castilho – baixo
Mais informações sobre a banda Ganeshas no site ou na página do Facebook.
Novíssimos são:
Alberto Americano – Violão e Cavaquinho
Chico Cabral – Percussão
David Rosenblit – Piano
Diogo Acosta – Sopros
Felipe Larrosa Moura – Bateria
Lupa Maia – Baixo
Marcelo De Lamare – Voz, Violão e Guitarra
Mais informações sobre a banda Novíssimos no perfil do Facebook.
Fotos da Capa: Micael Hocherman
Confira agora o novo clipe do Ganeshas e um pouco do trabalho do Novíssimos:

Alan Daniel Braga

Publicitário e roteirista de formação, foi de tudo um pouco: redator, produtor, vendedor, clipador, operador de som e imagem, divulgador, editor de vídeos caseiros, figurante e concursado. Crítico, irônico e um tanto piegas, é conhecido vulgarmente como Rabugento e usa essa identidade para manter um blog pouco frequentado (Teorias Rabugentas). Também mantém uma página no Facebook (Miscelânea Rabugenta), com a qual supre a necessidade de conhecer músicas, artistas e pessoas novas. Está longe de ser Truffaut, mas gosta de dar voz aos incompreendidos. (Acesse http://teoriasrabugentas.blogspot.com.br/ e curta https://www.facebook.com/MiscelaneaRabugenta)

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