GOAT é uma obra imperfeita, mas corajosa
Bruno Oliveira
GOAT é uma nova obra americana de terror psicológico com temática esportiva, mais especificamente, tendo o futebol americano como base. Ele foi dirigido por Justin Tipping e chama a atenção por ser uma produção da Monkeypaw Productions de Jordan Peele (realizador de títulos aclamados como Corra!, Nós e Não! Não Olhe!). O longa-metragem explora questões como fama, idolatria, a busca pela excelência a qualquer custo e a exploração de atletas no esporte profissional.
Sinopse
Cameron “Cam” Cade (Tyriq Withers) é um jovem e promissor quarterback cuja carreira é ameaçada após uma grave lesão na cabeça. Ele recebe uma chance de ouro quando seu ídolo, o lendário e oito vezes campeão Isaiah White (Marlon Wayans), o “GOAT” (O Maior de Todos os Tempos), o convida para treinar em seu complexo isolado. No entanto, o carismático Isaiah rapidamente revela um lado mais sombrio, submetendo Cam a um regime brutal e desvendando uma conspiração satânica por trás do sucesso da liga, forçando o protagonista a questionar o verdadeiro preço e sacrifício necessários para se tornar o ápice da excelência.

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O duplo sentido do título
O título original do projeto era GOAT (acrônimo para Greatest Of All Time ou Melhor de Todos os Tempos em português), mas acabou mudando para HIM (em português mantiveram GOAT). Isso porque o termo funciona como um duplo sentido moderno, já que “He is HIM” (Ele é ELE) é uma gíria para se referir a alguém que é o melhor, mantendo o tema de excelência. Adicionalmente, GOAT em inglês também significa “bode”, o que remete a Mammon, um deus demônio da ganância e do dinheiro. Além disso, o vocábulo “Him” (Ele) é usado em contextos religiosos/demoníacos para se referir a figuras como o Diabo ou Mammon. Detalhe que se alinha com a sub-trama oculta do filme.
A tensão e o terror crescente
O longa possui uma introdução ao mundo do futebol americano e mostra como o nosso protagonista está enraizado nesse meio com a promessa de que ele pode vir a ser o maior de todos os tempos. Após isso, somos levados a uma estrutura narrativa que se divide em seis capítulos, cada um deles representando um dia de preparação de Cam com o seu ídolo Isaiah. À medida que cada sessão de treinamento se passa, a tensão e o terror vão aumentando. Lembrando que tudo isso é conduzido pelo lado psicológico e com alguns requintes de alucinações que vão deixando a trama mais complexa, a ponto de notarmos certas pontas soltas sem as devidas explicações. O estranho surge em muitos momentos e simplesmente temos que aceitar certas bizarrices.
O preço da excelência
Fica claro também que a obra quer pincelar uma crítica social bem nítida. Ela usa o gênero terror para exibir a mentalidade tóxica de “vencer a qualquer custo”. O sistema explorador do esporte profissional acaba sendo metaforizado para retratar a ganância existente no mundo real através de conspirações e rituais demoníacos. As cenas de treinamento brutais e as alucinações de nosso protagonista evidenciam a exploração de corpos e mentes de atletas, transformando a instituição do futebol americano em um culto que exige a alma de seus jovens talentos. Isso pode ser até exagerado e um pouco fora de contexto, mas não deixa de ser uma crítica a esse mundo que persegue a excelência por meio de atletas emergentes.
Atmosfera de enclausuramento e um banho de sangue
A residência de Isaiah é completamente isolada do mundo, e sua arquitetura modernista fria causa uma intensa sensação de aprisionamento. A princípio, parece apenas uma mansão excêntrica, mas aos poucos essa paisagem vai nos incomodando. A falta de janelas e a permanência em ambientes fechados aumentam essa tensão. Essa atmosfera de confinamento vai nos sufocando até o momento em que a trama se desfaz e descobrimos tudo o que de fato está acontecendo. Se até aqui estávamos presos na cadeira pelo terror psicológico, em seu último ato o gore chega e nos presenteia com um banho de sangue. Particularmente, achei exagerado e nada catártico, porém, o desfecho finaliza a história de um modo satisfatório.
Conclusão
GOAT é uma obra imperfeita, mas corajosa. O terror psicológico é eficaz e vai crescendo na medida certa, capítulo após capítulo. As performances são marcantes, e Marlon Wayans como Isaiah é o principal destaque. Para quem está acostumado com o artista em filmes de comédia, irá se surpreender com sua atuação forte e poderosa aqui. Contudo, notei algumas pontas soltas, e o bizarro aparece em cena sem nenhum tipo de explicação. Alguns incidentes simplesmente ocorrem, e temos apenas que aceitá-los.
Elenco de GOAT
Marlon Wayans
Tyriq Withers
Julia Fox
Tim Heidecker
Onde assistir ao filme GOAT?
O filme GOAT está em cartaz nos cinemas brasileiros.
Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso sobre Cultura Pop.
Trailer – GOAT
Ficha Técnica – GOAT
Título original: Him
Direção: Justin Tipping
Roteiro: Justin Tipping, Skip Bronkie, Zack Akers
Duração: 96 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: Terror psicológico, Esporte
Ano: 2025
Classificação: 18 anos













































