‘Guarde o Coração na Palma da Mão e Caminhe’ é um documentário essencial de nosso tempo

Guarde o Coração na Palma da Mão e Caminhe é um documentário que expõe um testemunho intenso e trágico. O título deriva de uma frase da própria protagonista, a fotojornalista palestina Fatma Hassona. Ela usou a expressão para descrever a coragem necessária para viver sob o constante cerco em Gaza. A produção se passa inteiramente de forma remota, com a diretora Sepideh Farsi filmando a tela de seu próprio celular durante as videochamadas com Fatma, preservando a intimidade e as falhas cruas da comunicação entre as duas. De maneira devastadora, o longa revela todas as agruras de ser um civil em uma zona de guerra e com um desfecho profundamente impactante.

Sinopse

O documentário é construído a partir de uma poderosa e trágica amizade à distância entre a cineasta iraniana Sepideh Farsi e a jovem fotojornalista palestina Fatma Hassona, residente em Gaza. Incapaz de entrar no território sitiado, Farsi utiliza a tecnologia para se conectar a Fatma, que se torna seus “olhos” e testemunha no local. A obra é uma compilação íntima de videochamadas, nas quais Fatma documenta seu cotidiano de resistência, sonhos e perdas sob os bombardeios, descrevendo a vida lá com a frase que dá título ao trabalho.

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A estética da distância e a mídia digital

A primeira coisa que se pode notar nesta película é a forma como dfoi a produção deste documentário. Como a diretora Sepideh Farsi não pôde entrar em Gaza, decidiu gravar as chamadas de vídeo com Fatma, que se torna nossos olhos e ouvidos na zona de guerra. O documentário é uma grande montagem desses vídeos, que se intercalam com fotos impactantes da guerra e com reportagens de TV que ilustram a dimensão do embate. Esse grupo de vídeos aparece de forma crua, aproveitando os problemas da conexão digital, mostrando, inclusive, os glitches, as falhas de áudio e as interrupções, seja qual for a sua natureza. Assim, o celular é o único objeto que expõe a realidade nua e crua através de barreiras geográficas.

A resiliência e o espírito de Fatma Hassona

Fatma Hassona é nossa protagonista não intencional. Duvido que ela um dia pensasse ser o rosto de um filme, mas o fato é que, com esse conjunto de registros, ela se tornou uma peça importante para a narrativa. O primeiro vídeo entre Fatma e a diretora foi feito em abril de 2024, e conseguimos ver uma mulher de 24 anos completamente inabalável, mesmo com tantas mortes ao seu redor. Ela pode ser vista até mesmo como um avatar da resiliência humana. Com o passar do tempo, notamos que parte desse brilho diminui. Aspirações grandiosas que ela almejava começam a ficar distantes e uma refeição com frango já passa a ser o seu maior sonho. Isso configura um exemplo real e tátil de como uma guerra pode minar a esperança e os sonhos de muitos.

Testemunho contra o genocídio e a impotência global

O documentário também assume um papel político e ético crucial ao humanizar as vítimas e dar voz ao povo palestino. No momento, pouca informação chega por aqui. Sabemos apenas dos ataques, mas sem detalhes. Aqui, vemos a crueldade por trás dos números e das estatísticas da guerra. O testemunho direto contra a desumanização é profundamente tocante. Ele nos faz ficar indignados com a falta de ação do resto do mundo perante tamanha atrocidade. Farsi, uma cineasta iraniana, também usa a obra para expressar o sentimento de impotência de quem testemunha a tragédia de longe.Mas se recusa a ficar em silêncio, posicionando o documentário como um ato de solidariedade e memória ativa em relação a todos os inocentes que estão enfrentando essa situação.

Conclusão

Guarde o Coração na Palma da Mão e Caminhe é um documentário essencial de nosso tempo, cuja importância reside em seu testemunho inegável e dolorosamente pessoal sobre o conflito em Gaza. A produção brilha por sua urgência e intimidade crua, utilizando a estética da videochamada para humanizar uma tragédia frequentemente reduzida a estatísticas, preservando a voz e os sonhos de uma pessoa comum no meio da guerra. Sua relevância reside em sua função como memorial e ato de resistência contra o esquecimento, ecoando um clamor por humanidade. Este filme é indicado para qualquer pessoa que deseje compreender a realidade do embate para além dos noticiários.

Elenco de Guarde o Coração na Palma da Mão e Caminhe

Fatma Hassona
Sepideh Farsi

Onde assistir ao filme Guarde o Coração na Palma da Mão e Caminhe?

O filme Guarde o Coração na Palma da Mão e Caminhe está em cartaz nos cinemas brasileiros desde 27 de novembro de 2025.

Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso sobre Cultura Pop.

Trailer – Guarde o Coração na Palma da Mão e Caminhe

Ficha Técnica – Guarde o Coração na Palma da Mão e Caminhe

Título original: Put Your Soul in Your Hand and Walk
Direção: Sepideh Farsi
Roteiro: Sepideh Farsi
Duração: 113 minutos
País: França, Irã, Território Palestino Ocupado
Gênero: Documentário, Drama, Guerra
Ano: 2025
Classificação: 12 anos