O que esperar de Tremembé, nova série nacional do Prime Video
Izabella Nicolau
Não é de hoje que todo brasileiro tem gravado em seu imaginário o nome de personas que pararam o país com seus crimes chocantes, como Suzane von Richthofen, Ana Carolina Jatobá, Alexandre Nardoni e Elize Matsunaga. O que muita gente não sabe, no entanto, é que todos essas pessoas estão reunidos em um único lugar: o presídio de Tremembé, que dá nome a nova série do Prime Video.
A nova produção assume a missão de explorar o cotidiano do presídio mais conhecido do país, o retrato psicológico de seus personagens e as dinâmicas de poder. A série parte do ponto em que tudo já aconteceu. O foco não são os crimes, mas sim os acontecimentos dentro do presídio que abriga os criminosos mais midiáticos do país.
A prisão onde o crime não é o foco
Desde o início, fica claro que Tremembé quer mais do que explorar os crimes já conhecidos. A série analisa as relações de poder que se formam dentro da prisão e o modo como a culpa e o status convivem lado a lado. A série mostra o presídio como uma espécie de ecossistema onde cada gesto tem peso, cada movimentação define hierarquias e cada palavra pode mudar o equilíbrio entre os detentos.
Em vez de apostar em reconstituições ou mistérios, a série é uma espécie de true crime diferente, que se concentra no que acontece depois da condenação. A produção mostra Tremembé como palco dos criminosos mais midiáticos do país que, por sua fama, não podem permanecer em presídios comuns.
Os presos famosos
Essa abordagem transforma o local em um microcosmo da sociedade, onde convivem figuras conhecidas. Marina Ruy Barbosa, no papel de Suzane, entrega uma atuação surpreendente, deixando transparecer o controle e a manipulação da personagem em gestos mínimos.
Ao redor dela, vemos rostos inspirados em figuras reais como Elize Matsunaga (Carol Garcia), Anna Carolina Jatobá (Bianca Comparato) e Alexandre Nardoni (Lucas Oradovschi). Além dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos (Felipe Simas e Kelner Macêdo), todos inseridos em uma dinâmica que mistura desconfiança e necessidade de sobrevivência.
Há um cuidado evidente em mostrar a humanidade sem buscar empatia. O roteiro evita justificar atos e tampouco reforça vilanias. Ele apenas observa. E é nesse olhar que o desconforto surge, pois ela força o público a encarar quem essas pessoas se tornaram, e não apenas quem elas foram quando seus nomes ocupavam as manchetes.

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Tremembe é baseada em relatos reais
Grande parte da força da série vem do material que a inspirou. Tremembé é baseada nas investigações do jornalista Ulisses Campbell, autor de livros sobre os casos Richthofen e Matsunaga. Campbell teve acesso ao presídio e conviveu com os detentos por anos, o que se reflete na precisão dos detalhes e até em alguns diálogos retirados de suas anotações. Essa conexão com a realidade dá à obra uma autenticidade que mantém a história ancorada no cotidiano brutal da prisão.
A estrutura da temporada reforça isso. Cada episódio se apoia em um crime diferente, mas apenas como ponto de partida para entender quem são essas pessoas no presente. O foco está no que o tempo e o confinamento fizeram com elas. Além disso, mostra como os anos de isolamento moldaram novas versões de si mesmas, longe das câmeras e do julgamento público.
Ousadia
Tremembé chega como uma das produções mais ousadas do Prime Video por transformar o gênero true crime em algo mais introspectivo. Em vez do sensacionalismo, aposta na observação e na construção de atmosferas. O resultado é uma narrativa envolvente, que amplia a discussão sobre a espetacularização da violência e o fascínio nacional por histórias reais.
Sem precisar mostrar sangue ou reviravoltas mirabolantes, a série provoca reflexões sobre culpa, fama e isolamento. É um lembrete de que, mesmo após o julgamento, ainda existe muito a ser entendido sobre os personagens que o Brasil transformou em ícones de horror.
Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso sobre Cultura Pop.
Trailer – Tremembé
Izabella Nicolau
Paulistana, nascida em 1999, Izabella mudou-se para a cidade de Santos para cursar Biologia Marinha, mas o destino a levou para o Jornalismo. Apaixonada por NFL desde que assistiu a Atlantafalconizada no Super Bowl LI, escolheu o Green Bay Packers como time do coração. Corinthiana, Nerd, louca por X-Men e apaixonada por seus times: Green Bay Packers, Corinthians, Bayern e Dallas Stars.












































