Os Melhores Anos de Uma Vida filme crítica

‘Os Melhores Anos de Uma Vida’: nostalgia por um filme e por um amor não vivido

Ana Rita

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29 de junho de 2021

Encerrando a trilogia de Claude Lelouch, o filme Os Melhores anos de uma vida (Les Plus Belles Années D’une Vie) encerra também a história do amor não vivido entre Anne Gauthier (Anouk Aimée) e Jean-Louis Duroc (Jean-Louis Trintignant), mostrando as lembranças do que esse homem e essa mulher viveram juntos; e agora, as marcas do tempo, tanto física quanto psicológica.
A história de Anne e Jean se iniciou com a obra Un Homme et Une Femme, de 1966, também vencedora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro Original em 1967, bem como da Palma de Ouro em 1966. Elogiado como sendo um dos mais belos e românticos filmes sobre amor, é certamente uma obra-prima do cinema francês e do cinema de Claude Lelouch.

Amor Vivido

Com flashbacks do primeiro filme, Claude Lelouch nos transporta ao romance de 1966. Para quem não viu o filme original, é possível entender e sentir a química do casal. No entanto, infelizmente, a emoção não tem o mesmo impacto aos que notam o saudosismo no primeiro filme.
As cenas longas de flashback do filme de 1966 muitas vezes funciona como reafirmação desse casal. E isso pode tornar o longa atual cansativo, apesar do ritmo não ser lento.
Os diálogos entre os protagonistas são extremante apaixonantes, e até melancólicos, deixando claro que o amor entre Anne e Jean não foi vivido como devia ter sido. É uma história triste de amor, afinal, como dito pelo protagonista, “todas as histórias de amor acabam mal, elas só acabam bem em filmes”.
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Despertar Memórias e a Nostalgia

O filme Os Melhores Anos de Uma Vida trata também da velhice, as ‘consequências’ da idade, que, no caso de Duroc, está com a saúde debilitada, anda em uma cadeira de rodas e com Alzheimer, precisando de cuidados médicos.
Anne reaparece em sua vida após um pedido de Antoine, filho de Jean, uma vez que a mulher é a única lembrança de Duroc, a sua melhor lembrança; e ela poderia ajuda-lo nessa situação.
Na primeira conversa dos dois, é notório o brilho no olhar de ambos. É a lembrança do antigo amor não vivido, mesmo que nesse primeiro contato Anne não tenha se apresentado, e Duroc pensa apenas conversar com uma desconhecida sobre a mulher que amou. Mas, como o protagonista diz, “a gente esquece de tudo, menos dos olhos de uma pessoa”.
As memórias despertas não são apenas no filme. Nota-se facilmente a nostalgia que cerca a produção, seja por parte de Anouk Aimée e Jean-Louis Trintignant, como pelo diretor Claude Lelouch. O longa encerra uma trilogia, um trabalho famoso desse diretor francês, assim como o encerramento de um ciclo.
Um problema é que para quem não conhece os filmes anteriores e caiu de paraquedas em Os Melhores Anos de Uma Vida, muitas cenas dessa nostalgia toda não funcionam. Podem soar como imagens um tanto quanto soltas e longas na narrativa, parecendo servir como exaltação em memoria do primeiro filme.
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Viver a vida

O filme começa com a frase de Victor Hugo, “os melhores anos da vida de alguém são os que ainda estão por vir”, e com isso, o longa cria uma atmosfera sobre envelhecer e porque a vida deve ser vivida, em qualquer de suas fases.
Além de uma despedida e encerramento, há uma lição sobre a importância de viver a vida, independente de arrependimentos. E o principal: entender sobre o amor e pessoas que amamos.
Apesar de Claude Lelouch negar as influências ou que tenha sido da Nouvelle Vague, como disse após um elogio de Truffaut pelo Oscar em 1967, a montagem de Os Melhores Anos de Uma Vida parece também reviver algumas estéticas do movimento francês, como em imagens de flashback que são sobrepostas criando essa homenagem ao longa referido.
Não só do início da trilogia, mas o filme também traz uma referência e tributo ao curta C’estait Un Rendez-vous, dirigido por Claude em 1976, no qual colocou um carro em alta velocidade para percorrer Paris e montou uma câmera estabilizada no parachoque.
A trama de Anne e Jean não é apenas uma bela e apaixonante história de amor. É uma história marcante para o cinema. Assistir ao filme Os Melhores Anos de Uma Vida é além de despedida: é reviver um amor que marcou e enxergar um aprendizado sobre viver a vida, sobre a melhor idade, o que passou e o que está por vir.
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Trailer do filme ‘Os Melhores Anos de Uma Vida’

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Ficha Técnica

Título original do filme: Les Plus Belles Années D’une Vie
Direção: Claude Lelouch
Elenco: Jean-Louis Trintignant, Anouk Aimée, Monica Bellucci
Data de estreia: qui, 24/06/21
Onde assistir ao filme ‘Os Melhores Anos de Uma Vida’: nos cinemas
País: França
Gênero: Comédia
Duração: 90 minutos
Distribuição: Pandora Filmes

Ana Rita

Piauiense, nordestina e estudante de Arquitetura, querendo ser cinéfila, metida a crítica e apaixonada por cinema, séries, arte e música. Siga @trucagem no Instagram!
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Créditos Galáticos

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