Pedregulhos crítica do filme 45ª Mostra de São Paulo 2021

‘Pedregulhos’: um filme perdido no propósito

Ana Rita

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4 de novembro de 2021

Vencedor do Tigre de melhor filme no Festival de Roterdã, Pedregulhos (Koozhangal) expõe um pouco da vida numa região no sul da Índia, onde reside o grupo étnico tâmiles, focando na vida de Ganapathy, os seus conflitos e problemas em relação a família.

O homem é pobre e alcoólatra, com um forte comportamento abusivo com a mulher e o filho. No intervalo de tempo, aparentemente de um dia, Ganapathy quer que as coisas voltem a como era, com mulher e  filho em casa. Com essa premissa, esperamos algum momento de redenção e reflexão, que não acontece em momento algum, seguindo apenas o perdido e agressivo dele.

Agressividade

Logo no começo do filme, a agressividade desse homem nos é apresentada com um briga sem motivo em um ônibus, enfatizando seu temperamento esquentado.

Seguindo, conhecemos a mulher de Ganapathy, que após a rotineira abusividade se seu marido, volta para a casa da sua família, onde é protegida pelo irmão. O confronto nesse momento era de grande potência, podendo ter explorado uma discussão entre o papel do marido e mulher nessa comunidade. Ela diz que o lugar da mulher é cuidando da família, mas, ao mesmo tempo que seu irmão discorda dessa humilhação por parte de Ganapathy, resolve entrar em discussão com seu cunhado.

O filme Pedregulhos parece um todo de partes incompletas e pouco desenvolvidas na trama. Nem o próprio protagonista é desenvolvido, apenas conhecemos esse temperamento agressivo e frustrado. 

A relação pai e filho

O mais interessante – e ainda assim não desenvolvido direito – é a relação entre Ganapathy e seu filho. O menino sofre constantemente nas mãos do pai, vendo também o tratamento deste com sua mãe. Há um distanciamento entre ambos, mas uma esperança e amor do menino sobre o pai. É como se ele quisesse ajudar, não desistir do pai. Mas é só.

Ganapathy parece perdido e cego por essa raiva constante, essa agressividade intrínseca à sua natureza. Então, parte em uma jornada de volta a sua casa após não conseguir recuperar sua mulher. O sol forte, bem como a terra árida, dão o clima de jornada e dificuldades para o homem. Essa caminhada que, talvez seja cheia de simbologia, não consegue exprimir nada além do ambiente inserido, encerrando-se com a sua chegada em casa e continuando a violência com seu filho.

A comunidade

Pedregulho se preenche com cenas cotidianas da comunidade, como se quisesse mostrar essa realidade. Não sei se é uma tentativa de justificar a situação em que vivem com a agressividade de Ganapathy. Mesmo com uma câmera dinâmica, movendo bastante nas cenas e mostrando a interação dos personagens, o filme é bastante parado, sem ação.

Temos o vilarejo, sua paisagem e moradores vivendo sua vida normalmente, com cenas que não acrescentam em nada a narrativa, com uma aparente não ligação com Ganapathy.

Objetivo do filme

No filme Pedregulhos, acompanhamos, portanto, esse dia de Ganapathy. Conhecemos sua família, como ele interage com a sua comunidade no período de um dia e encerra-se com uma atividade cotidiana desse vilarejo, sem qualquer conexão com a história central. Sobrando apenas o problema apresentado da conturbada relação entre o homem e sua mulher, entre o pai e o filho, com agregado de cenas “cotidianas” e “comuns” dessa comunidade, que não adicionam à trama.

Sabe aqueles filmes que você assiste e mesmo depois que acaba fica sem entender qual o propósito, o objetivo e até a finalidade? Mesmo mostrando uma realidade diferente da que estamos acostumados, no caso ocidente, o longa não exprime nada além da existência de um conflito interno e externo a Ganapathy, que não muda em nada.

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Trailer do filme Pedregulhos

Pedregulhos: elenco do filme

Karuththadaiyaan
Chellapandi

Ficha Técnica

Título original do filme: Les Sorcières de l’Orient
Direção:
P.S. Vinothraj
Roteiro: P.S. Vinothraj
Onde assistir ao filme Pedregulhos: Mostra de SP 2021
País: França
Duração: 100 minutos
Gênero: documentário
Ano de produção: 2021
Classificação: livre

Ana Rita

Piauiense, nordestina e estudante de Arquitetura, querendo ser cinéfila, metida a crítica e apaixonada por cinema, séries, arte e música. Siga @trucagem no Instagram!
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Créditos Galáticos

Créditos Galáticos: 3

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