REVIEW | ‘Omen of Sorrow’

Felipe de Andrade

A AOne Games, uma produtora indie chilena, trouxe Omen of Sorrow exclusivamente para o PS4 com o intuito de ser um sucessor espiritual para o clássico jogo de luta de monstros da Capcom, Darkstalkers. Contando com monstros de filmes de terror, literatura e mitologia, o jogo tem em sua pequena gama de personagens disponíveis alguns monstros conhecidos para quem gosta do gênero de terror e também do público em geral .. Estamos falando de Adam, o monstro de Frankenstein, Caleb, um lobisomem, Vladislav III, que é o Conde Drácula, Imhotep, uma múmia, Quasimodo, o corcunda de Notre Dame e mais alguns outros, totalizando 11 personagens jogáveis, sendo que mais alguns serão disponibilizados gratuitamente a partir de janeiro de 2019, segundo a produtora.

Com um modo história que conta com 3 linhas de narrativas com personagens diferentes, a história se desenrola de uma maneira muito chata e confusa, com batalhas repetidas e diálogos longos. Estes diálogos são apenas escritos e aparecem na mesma tela em que se dão as lutas, com animações pobres, nenhuma voz e quase nenhum efeito sonoro, bastando apenas ler e apertar o botão X para dar sequência. Destaques negativos para o conde vampiro que diz “Afff!”, a múmia Imhotep sendo chamado de “pobretão” por qualquer personagem que desafia para lutar, o que não faz sentido nenhum! Entre algumas lutas aparecem animações que mostram um cenário ou um personagem ao fundo enquanto uma narradora recita um monólogo chato e sem sentido, que não acrescenta em nada a história e ainda tem um bug em todas as falas, que se repetem até a cena terminar.

O jogo também traz os modos Versus, onde jogamos multiplayer local 1 contra 1 ou contra a CPU, que, diga-se de passagem, possui uma IA bem ruim no jogo, bastando por vezes ficar apertando triângulo repetidamente para vencer o oponente. Fliperama é o modo Arcade, onde lutamos contra a máquina e não traz final nenhum, decepcionando também. Sobrevivência, onde devemos lutar contra todos os personagens da CPU sem trégua. O modo Prática, no qual jogamos o tutorial ou praticamos com cada monstro. E o modo On-line, onde encaramos outros jogadores pela internet, ao testarmos este modo, foram raras as vezes que tivemos paciência para encontrar uma luta ou outra.

O jogo conta com um sistema de 4 botões para ataque, que lembram um pouco The King of Fighters e Mortal Kombat, com 2 pra soco e 2 pra chutes. 1 para agarrões e 1 para ataques EX que consomem a barra de especial. Combos são fáceis de executar, o que pode agradar a fãs de jogos de luta, inclusive cada personagem tem um especial com animações bem feitas antes do golpe final ser executado. O que pende para o lado negativo é que é notório o quanto o jogo é desbalanceado, com personagens fortes demais ou outros com golpes quase impossíveis de acertar o oponente. Mesmo assim, cada monstro tem seus pontos fortes e fracos bem definidos, e com o tempo pode ser que os problemas sejam ajustados com algumas atualizações.

A parte visual de Omen of Sorrow deixa um pouco a desejar, pois mesmo com um bom design dos personagens, os cenários não são tão inspirados. Apesar de bem grandes e baseados em cenas e clássicos do terror, parecem ser simples demais para um jogo feito com a Unreal Engine 4 em 2018, contando com a quase ausência de efeitos sonoros das coisas que acontecem ao redor da luta. Como exemplo disso temos o cenário do Quasimodo, com vários sinos batendo e sem nenhum som gerado dos mesmos. A iluminação também poderia ter sido um alvo de mais capricho do estúdio, o que fica visível no cenário onde há uma floresta queimando à noite e parece que estamos lutando durante o dia, sem vestígios de nenhum efeito da luz do fogo nos personagens.

Como dito anteriormente, o modo história não conta com dublagem em nenhum idioma, nos forçando a ler todos os fracos diálogos do início ao fim, exceto em algumas cenas de corte que não acrescentam nada ao gameplay e ainda tem o som da voz bugado, sempre repetindo o final da última frase dita. E nas poucas vezes que os personagens falam não existe sincronia labial, ou seja, a fala acaba e a boca continua se mexendo, no melhor estilo Fucker e Sucker do Casseta e Planeta. A trilha sonora é de razoável a boa, e ainda assim é uma das melhores coisas do jogo.

VEREDITO

Omen of Sorrow desperdiça a chance de ser um sucessor espiritual para Darkstalkers de forma brutal, com jogabilidade desbalanceada, poucos personagens e modo história com 3 opções que deveriam se complementar, mas apenas acumulam tempo perdido para terminá-las. Modo on-line desabilitado e modo off- line pouco inspirado. Definitivamente não vale o preço cheio de um game AAA com o qual ele está na PSN, custando mais de R$190,00. Com tantos jogos melhores e muito mais baratos, nem se você for muito fã dos monstros presentes aqui.

Felipe de Andrade

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