Sadek denuncia os conflitos étnicos na França durante rap no filme ‘Tour de France’
Juliana Góes
Far’Hook (Sadek) encontra no rap a oportunidade de expressar as injustiças sociais vividas por ele no filme “Tour de France”. É dessa forma que o jovem reflete sobre o convívio durante uma road trip feita com Serge (Gérard Depardieu), um amargurado pintor, em cena do longa-metragem, que estreou nesta quinta, 13, no Rio e em São Paulo. “Você fica surpreso, conheço poemas e entendo suas sutilezas. Você não vê nada em mim. Só ódio, estupidez, nenhuma beleza. De fato, não somos diferentes. Somos apenas divididos. Mas tenho esperança. Ninguém fica pra sempre iludido”, canta o jovem francês de origem árabe.
Confira o vídeo:
A comédia romântica se aprofunda na história de Far’Hook que, para fugir de uma ameaça de morte, aceita a sugestão de viajar com o preconceituoso Serge à procura dos portos que Vernet, famoso pintor francês do século 18, retratou em suas telas. Segundo longa do diretor Rachid Djaïdani, “Tour de France” é uma distribuição da Bonfilm. A produção ainda participou da programação do Festival Varilux de Cinema Francês em 2017. Além de Gérard Depardieu e Sadek, o elenco conta com nomes como Louise Grinberg, Yasiin Bey e Nicolas Marétheu.
De acordo com o diretor Rachid Djaïdani, além dos personagens, o filme é uma mistura de materiais, entre a pintura que é essa arte ancestral de traçar com a mão e o rap que é a poesia da oralidade do presente. No filme, ouve-se rap, a Marselhesa, hino da França, e ainda os cantores franceses Serge Reggiani e Serge Lama. Ele conta que “foi criada uma verdadeira linguagem musical. (…) Cada palavra ecoa com força em nossos ouvidos, como uma diatribe de Molière zombando de um rei”.
Depois de lançar o seu primeiro longa-metragem “Rengaine”, que filmou sozinho durante nove anos, o diretor rodou “Tour de France” com um orçamento maior e com a atuação de Gérard Depardieu, nome consagrado do cinema francês. Segundo Rachid Djaïdani, o que une os dois personagens principais é uma falta de amor.
“A radicalidade deles permite mascarar essa evidência que os une. Eles só têm essa vontade de gritar na floresta: ‘Me amem’. Por trás dessa radicalidade, sempre há uma untuosidade que é feita de amor.Há uma viagem para o espectador nesse filme, mas gostaria que ele fosse além, fora da experiência da sala escura. Permitir abrir, para que se olhe em volta de outra maneira”, comenta o diretor.
A relação que Djaïdani criou com Depardieu, com atuação em mais de 200 filmes e séries, é de respeito: “Agora, com ele, não tenho mais medo da escuridão do cinema”, reflete o diretor. Premiado com o Globo de Ouro e o César por duas vezes como melhor ator, Depardieu explica como foi a sua preparação para interpretar um homem forte e etnocêntrico como Serge.
“É fácil ser amargo. Sobretudo ao ter diante de nós alguém que não conhecemos. E nem conhecemos sua cultura, suas músicas. Acho que os ignorantes – como eu também sou – podem se sentir contrariados”, declara o ator.
Em seu primeiro filme, Sadek explicou como fez para encarnar o personagem: “Far’Hook é um rapper consciente, com um olhar para o mundo que ele quer mudar. Enquanto eu, Sadek, sou diferente. Simplesmente. O personagem me permitiu ter um olhar mais desgastado, mas com uma esperança para a humanidade.
No mês de junho, o filme “Tour de France” foi exibido em mais de 55 cidades do Brasil durante o Festival Varilux Francês de 2017 e ainda contou com a vinda de Sadek.
ELENCO
Gérard Depardieu – Serge
Sadek – Far’Hook
Louise Grinberg – Maude
Yasiin Bey – Focé
Nicolas Marétheu – Bilal
FICHA TÉCNICA
Diretor e roteirista – Rachid Djaïdani
Produtora – Anne-Dominique Toussaint
Montadora chefe – Nelly Quettier
Cenografista – Jimmy Vansteenkiste
Diretor de produção – Jean-Jacques Albert
Juliana Góes
Leonina, carioca, adora filmes e séries, apaixonada pelos animais, e não vive sem chocolate...















































