Segunda temporada de Gen V encerra com bons momentos, mas segue refém de The Boys

Izabella Nicolau

A segunda temporada de Gen V chegou ao fim nesta quarta-feira (22), encerrando alguns arcos, confirmando teorias, posicionando peças e estabelecendo uma ponte direta para o encerramento de The Boys.

Entre erros e acertos, o segundo ano da série spin-off conseguiu acumular um saldo positivo, mas não excelente. A temporada tropeça em alguns momentos, mas, no fim, serve ao que se propõe: expandir o universo dos Supes, evoluir Marie Monroe e criar uma resistência com habilidade para derrotar o Capitão Pátria.

O começo lento

A segunda temporada de Gen V começou com o impacto da morte de Andre, que, além de ter sido justificada de maneira eficiente dentro da narrativa, também funcionou como catalisador emocional para todos os eventos seguintes. A ausência de Chance Perdomo, que faleceu entre as gravações, foi tratada com respeito, e a série conseguiu transformar essa tragédia real em um ponto de virada orgânico para seus personagens.

Ainda assim, a temporada demora a engrenar. Os quatro primeiros episódios poderiam facilmente ser condensados em dois, já que pouca coisa realmente relevante acontece nesse período. É uma parte morna, mais preocupada em reorganizar as peças e mostrar o impacto do tempo em Elmira na cabeça dos personagens do que em mover a trama adiante.

Quando a virada vem, porém, o ritmo muda completamente. Do quinto episódio em diante, Gen V pisa no acelerador e entrega o que se espera de uma produção ambientada no universo de The Boys: muita tensão, revelações e um banho de sangue equilibrado por personagens com boas motivações. Marie, que desde o início se posicionava como o centro moral da trama, finalmente assume o protagonismo com consistência.

A evolução de Marie

A evolução de Marie é o verdadeiro motor da temporada. A narrativa deixa claro que ela é a maior aposta contra o Capitão Pátria, e cada decisão tomada reforça essa direção. Mesmo com o elenco dividido entre subtramas e novas figuras, é em Marie que o enredo se ancora, mostrando como a personagem amadurece sem perder a humanidade.

Essa movimentação fica ainda mais clara no embate direto contra Thomas Godolkin, o grande vilão da temporada. No último episódio, a série assina o atestado de que sua intenção é construir a personagem (e o grupo, de certa forma) para o desfecho da série principal. Tudo converge para isso, e a derrota de Godolkin soa quase como uma exibição de poderes para mostrar o potencial que existe ali.

As escolhas narrativas mostram que a intenção nunca foi apenas concluir sua própria história, mas abrir caminho para um desfecho grandioso na série principal. Por um lado, é uma boa surpresa para o universo criado, por outro, Gen V perde parte de sua identidade em função de uma narrativa que não lhe pertence.

Segunda Temporada de Gen V

Personagens sub-desenvolvidos

Apesar do desenvolvimento de Marie, os demais personagens têm pouco espaço para crescer. A segunda temporada acaba deixando claro que Gen V trabalha mais em função de The Boys do que em sua própria história. Arcos pessoais como o de Jordan, Emma e Cate são apenas tocados, sem aprofundamento ou consequências relevantes. A busca de Marie por Annabeth é a única exceção, ainda que o desfecho também seja apressado.

Além disso, a introdução e descarte de novos Supes que apareceram no começo da temporada, responsáveis por caçar Marie e o grupo, enfraquece a trama. Eles surgem com destaque no começo, mas logo são ignorados e desaparecem sem maior alarde.

Essa falta de desenvolvimento individual enfraquece Gen V como obra isolada. Sem a série principal, o spin-off não se sustenta, pois faltam camadas, conflitos e uma jornada própria que vá além de servir de ponte.

Conclusão

O desfecho do arco de Godolkin acontece, mas funciona como ferramenta e não representa um fechamento completo. O vilão até entrega o plano eugenista por trás da Vought, mas esse conteúdo acaba servindo mais como introdução para a temporada final de The Boys do que como clímax narrativo aqui.

A cena final, com Luz-Estrela e A-Train recrutando a equipe de Godolkin para a Resistência, confirma essa integração direta entre as duas séries. Com a quinta temporada já confirmada como a última, essa passagem de bastão era esperada. Marie surge como a possível peça-chave na batalha contra o Capitão Pátria e a Vought, e Gen V cumpre o papel de preparar o terreno para isso.

No fim, embora esteja clara a proposta de servir como extensão do universo maior, Gen V carece de profundidade como obra solo. Para além dos conflitos de The Boys, a série entrega pouco, e a sensação que fica é a de que não se sustentaria sem o sucesso da série original.

Elenco da Segunda Temporada de Gen V

Jaz Sinclair
Lizze Broadway
Maddie Phillips
London Thor
Derek Luh
Asa Germann
Sean Patrick Thomas
Hamish Linklater

Onde assistir a segunda temporada de Gen V?

A segunda temporada de Gen V está em cartaz no Prime Video

Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso sobre Cultura Pop.

Trailer – Segunda Temporada de Gen V

Ficha Técnica – Segunda Temporada de Gen V

Título original: Gen V
Criação: Craig Rosenberg, Evan Goldberg, Eric Kripke
Temporada: 2
Episódios: 8

Duração: 50 minutos cada episódio
País: Estados Unidos, Reino Unido, Canadá
Gênero: Ação, Aventura, Comédia, Drama, Ficção-Científica
Ano: 2025
Classificação: 18 anos

Izabella Nicolau

Paulistana, nascida em 1999, Izabella mudou-se para a cidade de Santos para cursar Biologia Marinha, mas o destino a levou para o Jornalismo. Apaixonada por NFL desde que assistiu a Atlantafalconizada no Super Bowl LI, escolheu o Green Bay Packers como time do coração. Corinthiana, Nerd, louca por X-Men e apaixonada por seus times: Green Bay Packers, Corinthians, Bayern e Dallas Stars.

0