The Crown

The Crown | Série retoma alto nível na quarta temporada

Guilherme Farizeli

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24 de fevereiro de 2021

Em primeiro lugar, a curiosidade é a força motriz por trás do interesse do público na série The Crown. A obra da Netflix nos leva para dentro da intimidade da família real britânica. Nesse sentido, as duas primeiras temporadas foram certeiras. Houve amplo reconhecimento de público e crítica.

Além de momentos muito bem escritos, as atuações também foram incríveis. The Crown foi a série da Netflix que nos apresentou aos talentos de Claire Foy e Vanessa Kirby, por exemplo. Foy levou para casa um Emmy e um Globo de Ouro como Melhor Atriz em Série de Drama. Ao passo que, em 2018, Kirby também foi indicada ao Emmy como Melhor Atriz Coadjuvante.

Terceira temporada decepcionou

Antes de mais nada, a expectativa era enorme pela terceira temporada da série. Do mesmo modo, os desafios também eram gigantes. As intérpretes da Rainha Elizabeth e da Princesa Margaret citadas anteriormente, foram substituídas. Tudo por conta de uma passagem de tempo na trama.

Contudo, uma soma de fatores transformou a temporada em decepção. A falta de tramas mais interessantes foi um dos fatores, com certeza. Por conta do conteúdo histórico, The Crown é uma série que precisa sempre se manter atraente. A nova protagonista Olivia Colman também demorou para se ajustar. Dessa forma, a expectativa ficou bem longe da realidade.

The Crown voltou retomou bons tempos da série

A quarta temporada da série, no entanto, trouxe novas possibilidades para The Crown. E esses novos ares foram muito bem aproveitados por roteiristas, direção e elenco. A saber, um dos momentos mais esperados pelos fãs da série era a chegada de Diana. Então, nossas expectativas foram correspondidas.

Emma Corrin como Princesa Diana (Divulgação Netflix)

Emma Corrin foi a escolhida para dar vida a icônica Lady Di, que centralizou a atenção do mundo desde que se tornou conhecida. A caracterização é incrível, perfeita. Depois que vi a temporada, assisti a alguns documentários sobre Diana e a semelhança é assustadora. Corrin estudou com afinco seus trejeitos e sua postura.

Da mesma forma, o texto foge do lugar comum de santificar Diana Spencer. A série mostra a personagem com todos seus defeitos e fragilidades. Seus casos de infidelidade são abordados, bem como sua relação difícil com a fama. Sua luta contra a bulimia é contada de forma sensível, porém impactante. Dessa forma, a personagem se torna ainda mais fascinante.

Dama de Ferro marca presença

Outro ponto alto desta quarta temporada é a presença de Margaret Thatcher, interpretada por Gillian Anderson. Temos outro show de atuação, com uma reprodução fiel ao que era a primeira-ministra britânica na época. Nesse sentido, chama a atenção como a atriz consegue mudar drasticamente seu timbre de voz para emular a Dama de Ferro. Incrível!

Gillian Anderson como Margareth Tatcher (Divulgação Netflix)

A personagem também é apresentada com suas várias camadas. Implacável na parte política e frágil, entretanto, quando teve que lidar com desaparecimento de seu filho. A Guerra das Maldivas foi retratada com um foco maior no impacto do evento nos personagens. Dessa forma, não tivemos a sensação de lentidão da temporada anterior. Os anos 80 foram um período de grande ebulição social no Reino Unido. Essa sensação foi muito bem retratada, por exemplo, quando um personagem enfrenta a burocracia para ter acesso ao seguro-desemprego.

The Crow: o que faltou na série?

Em contrapartida, um elemento que retrataria muito bem essa ebulição social foi deixada de fora. O futebol. Nos anos 80, a Inglaterra enfrentou o auge do hooliganismo. A repressão policial contra hooligans e torcedores comuns era terrível. Esse foi, sobretudo, um dos fatores determinantes para a diminuição da popularidade de Tatcher.

Me incomodou bastante a ausência de um evento específico. A Tragédia de Hillsborough. Em 15 de abril de 1989, Liverpool e Nottingham Forest se enfrentavam pelas semifinais da Copa da Inglaterra. A partida, no entanto, foi paralisada nos minutos iniciais. Uma confusão aconteceu por conta da superlotação. Como resultado, 96 torcedores do Liverpool morreram pisoteados e outros 766 ficaram feridos.

As autoridades e parte da mídia na época retrataram os próprios torcedores do Liverpool como culpados pela tragédia. Alegavam que os fãs estavam bêbados e causaram o tumulto. A mentira durou até 2012, quando relatórios sobre a tragédia tornaram-se públicos e expuseram os erros e responsabilidades das autoridades na condução do episódio. Segundo ele, mais de 160 depoimentos teriam sido alterados.

Edições do The Sun: na época da tragédia e 23 anos depois

O evento tem uma importância significativa na sociedade britânica. E deveria, na minha opinião, ter sido abordado na série. Enfim, é impossível pensar na Dama de Ferro sem lembrar de Hillsborough.

Conclusão

Nesta quarta temporada, The Crown recuperou a qualidade do início da série. Posso afirmar, sem erro, que é a melhor até aqui. Se existe um excesso de fatos históricos, por outro lado, eles são conduzidos de forma perfeita pelo roteiro. O ritmo da história prende nosso interesse até o final de cada episódio. E, as atuações estão fantásticas.

Não a toa, a série foi recordista de indicações ao Globo de Ouro 2021. A saber, The Crown concorre nas categorias Melhor Série de Drama e Melhor Atriz em Série de Drama. A série ainda pode ser premiada pelo Melhor Ator em Série de Drama e Melhor Atriz Coadjuvante em Série. Enfim, se puder, aproveite e maratone a série. Vale muito a pena!

Ficha Técnica

Título original: The Crown
Criação: Peter Morgan
Elenco: Olivia Colman, Helena Bonham Carter, Emma Corrin, Gillian Anderson, Josh O’Connor.
Temporada: 4
Total de episódios: 10
Onde assistir: Netflix
País: Reino Unido / Estados Unidos
Gênero: Drama
Ano de produção: 2020
Classificação: 14 anos

Guilherme Farizeli

Músico há mais de mil vidas. Profissional de Marketing apaixonado por cinema, séries, quadrinhos e futebol. Bijú lover. Um amante incondicional da arte, que acredita que ela deve ser sempre inclusiva, democrática e representativa. Remember, kids: vida sem arte, não é NADA!
8
Créditos Galáticos

Créditos Galáticos: 8

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