O Nome da Morte | Adaptação do livro mostra a “realidade do país” nas telas do cinema

Giovanna Landucci

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30 de julho de 2018

Durante coletiva de imprensa do filme O Nome da Morte, os atores Marco Pigossi e Fabíula Nascimento, além do diretor Henrique Goldman, e do jornalista e escritor do livro homônimo Klester Cavalcanti, abordaram um pouco sobre a experiência da adaptação literária para o cinema. O longa conta a história de um homem simples, religioso e pacato, amigo gentil e pai de família dedicado que guardou durante décadas um grande segredo: os serviços prestados como matador profissional, que o levaram a executar nada menos que 492 pessoas. A trama é baseada na vida de Júlio Santana, hoje com mais de 60 anos, interpretado por Marco Pigossi.

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Marco Pigossi e Matheus Nachtergaele nos sets de gravação (Foto: Divulgação)

O Nome da Morte,  filme de Henrique Goldman, responsável por “Jean Charles” (2009), revela toda a complexidade de seu personagem, que começou a matar por dinheiro em 1971. Foi, a muito custo, convencido por um tio, também pistoleiro, que, doente, não tinha condições de assassinar um estuprador, serviço pelo qual já havia recebido. Culpado após sua primeira execução, recebe do parente a recomendação de rezar dez Ave-Marias e 20 Pai-Nossos, ritual que, em busca de perdão divino, repetiria centenas de vezes depois de puxar o gatilho. Uma delas, após matar a militante Maria Lúcia Petit durante a Guerrilha do Araguaia, ocasião em que feriu o ex-deputado José Genoíno. O cineasta abriu a entrevista falando um pouco da construção dessa história:

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– Para mim, o mais importante para dizer sobre esse filme é que, no fundo, ele é sobre o respeito à vida e sobre o amor. Para falar da vida, a gente usa a morte. Essa é a razão principal pela qual eu me interessei a contar essa história, disse Henrique Goldman.

Marco Pigossi, por sua vez, destaca como o filme revela a verdadeira realidade do país:

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– Eu acho que esse filme é uma denúncia interessante da falta de educação e de cultura que temos nesse país, que torna qualquer um vítima de qualquer coisa, uma massa de manobra. O Júlio foi uma vítima no sentido de não ter acesso a nada e foi colocado nesse lugar que mostra o como a gente se adapta a tudo na vida, e isso foi o que mais me chamou atenção nessa história, afirmou o ator.

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O autor do livro, Klester Cavalcanti, confessou que se viu empolgado com a possibilidade de ver sua obra adaptada para o cinema, ainda mais com esse elenco.

– Poxa, para mim, como escritor, é sensacional! Quando o Henrique (Goldman) decidiu fazer o filme e ter pessoas como a Fabíula, o Pigossi e o André (Mattos), que fizeram trabalhos fantásticos, é incrível, comemorou o escritor.

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Fabíula Nascimento, por sua vez, coloca que o processo de desenhar os personagens foi feito juntos, para inclusive construir a família.

– A gente trabalhou bastante juntos para construir a relação dessa família. Uma coisa que ficou muito forte para mim foi o não julgamento da conduta dessa mulher de ficar até o final, de sucumbir a tudo, de fechar os olhos e começar a criar outras coisas para não pensar naquilo ao invés de parar com tudo, e é o que a gente vê de falta de educação de perspectiva e entendimento, onde se compactua com coisas absurdas. Era muito difícil viver ao lado dela, alegou a atriz.

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– O nosso maior desafio é fazer com que o público entendesse a alma do personagem. É um jogo diferente que a gente tem que jogar e, muitas vezes, usamos desses artifícios para contar o que mais de essencial tinha no livro, disse o diretor Henrique Goldman, comparando o trabalho jornalístico realizado por Klester Cavalcanti e a composição feita entre roteiro e criação de personagens.

O escritor, por sua vez, finaliza a entrevista mostrando sua admiração pelos atores e como eles até superaram suas expectativas:

– Eu preciso falar que, quando me disseram que o Pigossi ia fazer o Julio, fiquei preocupado, porque eu vejo muito pouco TV aberta. Não conhecia o trabalho dele. Já tinha lido coisas, matérias falando sobre ele. Aí pensei logo: “Cara, esse homem aí bonito para cacete, vai fazer o Júlio?”

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– Isso é preconceito, brinca o ator!

– Acontece que a Fabíula eu já sabia que ia se dar bem porque conhecia seus trabalhos, explicou o autor.

– E ela é linda!, brincou atriz, levando todos às gargalhadas.

O Nome da Morte vale a pena a conferida. O filme estreia no dia 2 de agosto nos cinemas. Veja o trailer:

Giovanna Landucci

Publicitaria de formação, sempre gostei de escrever. Apaixonada por filmes e séries, sim, posso ser considerada seriemaníaca, pois o que eu mais gosto de fazer é maratonar! Sou geek principalmente quando falamos de Marvel e DC. Ariana incontestável, acho que essa citação de Clarice Lispector me define "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar." Ah, como é de se notar pela citação, gosto de livros e poesia também.
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