CRÍTICA | Nada de doces e travessuras em ‘Parque do Inferno’

Paulo Cardoso Jr.

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22 de novembro de 2018

Com um timing de estreia um pouco atrasado, Parque do Inferno (Hell Fest) chega aos cinemas brasileiros nesta quita-feira, 22. Confesso que recebi a tarefa de ir à cabine de imprensa sem muita expectativa, pois pouco tem-se inovado no gênero de terror, mas só de ler a história já me deu esperança de que algo bom estivesse por vir. Durante o Halloween, um parque temático vira ponto turístico da sua região por ter somente atrações de terror. Até as pessoas só podem entrar se estiverem fantasiadas ou mascaradas. Inclusive as atrações mais inofensivas, como o jogo de argolas, têm decorações e prêmios bizarros. O problema é que ano sim, ano não, ou sem muita sequência lógica de tempo, uma pessoa resolve colocar uma máscara, entrar no parque, escolher suas vítimas ao acaso e depois sair pela porta da frente.

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Essa premissa faz o filme ficar interessante, pois, como distinguir o assassino do público se todo mundo está gritando, com sangue escorrendo, levando sustos a toda hora, tropeçando e caindo? Parece bobo, mas não recordo de ter visto algum outro filme parecido (se já viu algum, deixa o nome aí nos comentários!). Tudo no cenário é falso, nada é o que parece ser. Não tem como não se assustar em algum momento. Algumas cenas são bem óbvias, mas em outras você fica imaginando de onde vai vir o susto. Olha para o canto da tela, olha o cenário todo (algumas cenas parecem estar em slow motion), mas não escapa. Uma das personagens que está quase tendo um infarto de tantos sustos que leva recebe a dica da amiga: “Olhe para as mãos se quiser diferenciar as pessoas dos bonecos”.

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Mas e as mortes de verdade? O assassino consegue cumprir bem, com os recursos que tem, porque, como todos são revistados ao entrar, ele usa itens do próprio parque para matar suas vítimas, largando-as e as incorporando aos cenários bizarros e psicodélicos espalhados pelas atrações. Imagina que você é um policial de serviço nesse parque, com milhares de pessoas correndo, berrando com máscaras, esfaqueando umas as outras, rindo com sangue artificial e achando que é o melhor dia da vida delas? Não é de se espantar que demoraria para perceber algo errado. E os atores? Já que o assassino é mascarado, as vítimas convencem? Sinceramente, não muito, mas não chega a estragar a boa ideia do longa. Não se preocupe, os estereótipos estão todos lá: menina recatada, namorado tímido, garota safadinha, atleta e o brincalhão. É um elenco todos de jovens atores sem muita expressão acompanhados pela participação especial do ator Tony Todd, o saudoso “Candyman” e que também fez “Premonição”. Ele aparece para dar seu toque de humor negro com data e hora perfeita.

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Foto: Paris Filmes / Divulgação

O problema dos filmes de terror não são suas histórias ou os efeitos especiais, o problema é sempre o final! Parece que tudo vai bem, que a produção vai se encaminhando para uma nota 7 e aí chega nos últimos 10 minutos e o diretor põe tudo a perder por fazer uma graça ou dar uma explicação sem fundamento que não vimos em nenhum momento. Com isso, ficamos com raiva dizendo que o longa-metragem não presta. Muita calma nessa hora. Até agora, Parque do Inferno é um filme de nota 7. Existem interpretações que não convencem muito? Sim, mas não são todas e há mais cenas de morte boas que ruins. Existem furos no roteiro? Sim, afinal, quem manteria um festival de Halloween depois de tantas mortes anteriores registradas? E mais: sabendo que já houve ocorrência, porque a segurança e as câmeras são tão poucas? Caminhamos para os últimos cinco minutos de filme (eu disse CINCO) e a nota sobe de 7 para 9!

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Meus queridos leitores, não importa se você é PhD em Alfred Hitchcock ou é pós-graduado em M. Night Shyamalan, pois eu garanto que não irão descobrir quem é o assassino. Sua primeira reação será ficar com cara de babaca, depois com raiva do diretor (mas dessa vez ele é inocente!), por fim vai colocar a mão no queixo, respirar fundo, dar o braço a torcer e reconhecer o quanto é simples e objetivo. O final não é bom por ser grandioso, mas por ser simples mesmo. Eu ouso dizer que o impacto foi o mesmo de quando vi o final de “Jogos Mortais”. Você sairá mais pensativo pode ter certeza. Só quero um compromisso seu, que depois venha a esse post e admita que você não descobriu quem é o assassino! Até a próxima.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Hell Fest
Direção: Gregory Plotkin
Elenco: Amy Forsyth, Reign Edwards, Bex Taylor-Klaus
Distribuição: Paris
Data de estreia: qui, 22/11/18
País: Estados Unidos
Gênero: terror
Ano de produção: 2018
Classificação: 16 anos

Paulo Cardoso Jr.

Jornalista formado pela PUC-RJ e Pós Graduação em "Comunicação com o Mercado" pela ESPM-RJ.
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