CRÍTICA | ‘A Sombra do Pai’ reafirma o talento de Gabriela Amaral Almeida

Cadu Costa

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24 de novembro de 2018

Gabriela Amaral Almeida. Guarde esse nome se ainda não a conhece. Não satisfeita em ser aclamada por seu “O Animal Cordial” (2018), ela nos presenteia com mais uma pérola do cinema nacional: A Sombra do Pai, uma homenagem ao terror clássico mas sem perder a contemporaneidade…

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O filme conta a história de Dalva (Nina Medeiros), uma menina de 9 anos, que se torna responsável por sua casa quando o pai, o pedreiro Jorge (Julio Machado), fica doente. Ela, já órfã de mãe, abandona sua infância ao mesmo tempo que o pai não consegue superar a perda da mulher e insiste no luto em decorrência da filha. Com os dois, mora a tia Cristina (Luciana Paes), que almeja se casar e ser dona de casa. Dalva acredita ter poderes sobrenaturais e busca o entendimento de como usá-los para diminuir o impacto na vida de quem a cerca.

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Não é novidade que a diretora é fã de filmes de terror. Em seus longas e curtas sobram homenagens a mestres como George Romero e Dario Argento, como quando Dalva assiste dois filmes dentro do filme: “Cemitério Maldito” (1989), de Mary Lambert, e “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968), de Romero. No entanto, diferente de seu longa anterior, aqui a diretora explora o terror de forma mais densa, discreta e emocional.

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FOTO: RT Features / Divulgação

Sobre o elenco, pudemos ver uma sutileza ao criar três personagens que discutem entre si, e com o público, sobre alienação parental, maus tratos e depressão. Nina Medeiros é o destaque, obviamente. Sua Dalva, talvez por sua jornada ser mais explícita, nos entrega uma dúvida que permeia a trama todo o tempo: afinal, suas manifestações são apenas frutos da imaginação infantil ou, de fato, ela tem poderes paranormais?

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Claro, há um andamento mais arrastado aqui e ali, mas A Sombra do Pai trafega com qualidade e certa maestria tanto por um drama familiar quanto para um tradicional filme de terror clássico com monstros, zumbis e seriais killers e isso só reafirma Gabriela Amaral como uma das melhores diretoras brasileiras do momento. Acredito que não tardaremos a vê-la consertando certas franquias gringas. Ou melhor, criando a nossa própria. Talento e merecimento não lhe faltam.

Filme visto na programação do 3º Rio Fantastik Festival e no Festival do Rio.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Direção: Gabriela Amaral Almeida
Elenco: Julio Machado, Nina Medeiros, Luciana Paes
Estúdio / Distribuição: RT Features
Data de estreia: qua, 21/11/18
País: Brasil
Gênero: Drama / Terror
Ano de produção: 2018
Duração: 90 minutos
Classificação: 16 anos

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
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