Luta por Justiça crítica

‘Luta Por Justiça’ | CRÍTICA

Cadu Costa

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19 de fevereiro de 2020

O que é justiça? Onde a encontramos? A quem ela serve? Nos presídios dos EUA, a justiça pode ser bem seletiva. A discussão sobre a pena de morte sempre será polêmica em quaisquer partes do mundo. Nos EUA, no entanto, os fatos constam que ela seja permitida em 30 dos 50 estados americanos. Sendo assim, como todos os dilemas do mundo, afeta principalmente os menos favorecidos (quase sempre negros), podendo também atingir presos injustiçados (quase sempre negros).

Por mais que se tente, não é fácil entender o mundo em que vivemos. Há uma aura de hostilidade inexplicável e uma completa dificuldade de compreender o outro. Quando a questão é sobre uma identidade sexual e/ou a cor da pele, logo surgem discursos dos mais variados envolvendo religião, tradição, família, meritocracia e ‘mimimi’ para disfarçar nosso preconceito velado.

Assim sendo, isso tudo aqui dito foi só para tentar exemplificar o racismo estrutural presente no filme Luta Por Justiça (Just Mercy). do diretor Destin Daniel Cretton (O Castelo de Vidro, 2017)

A fim de provocar mais discussões sobre o assunto, foi exibido no Festival do Rio 2019, e com indicação de Melhor Ator Coadjuvante para Jamie Foxx no Screen Actors Guild 2020, o longa-metragem é baseado em uma história real que aconteceu em 1987 no Estado do Alabama (EUA).

A HISTÓRIA

Em resumo, a história é sobre Walter McMillian (Jamie Foxx), um homem negro, trabalhador, que em 1987, foi preso acusado de assassinar uma jovem e condenado a pena de morte devido a lei vigente no lugar. Enquanto a cidade, majoritariamente formada por brancos (Claro!) celebrava sua condenação, a comunidade negra do local afirmava que McMillian era inocente e estava em outro lugar na hora do tal crime.

No entanto, como é muito comum por aqueles lados de lá (Só lá?), mesmo com provas inexistentes, fatos improváveis e protestos dos familiares alegando a injustiça, McMilian foi mantido em regime fechado e sua morte por cadeira elétrica era questão de tempo.

Luta por Justiça crítica

Passam-se alguns anos e entra em ação Bryan Stevenson (Michael B. Jordan), um advogado negro e recém-formado em Harvard que abre mão de uma carreira lucrativa para socorrer pessoas necessitadas. Em especial, os seus irmãos de cor. Agora, McMilian tem uma chance de buscar sua verdade e Bryan de conseguir a verdadeira justiça.

OS DESTAQUES

A princípio, podemos destacar Luta Por Justiça como um drama de tribunal em que o diretor Destin Cretton soube muito bem orquestrar seu elenco e, por isso, consegue realizar um filme forte com uma história real sobre o racismo pertinente no Alabama. A dupla de protagonistas encabeçada por Michael B. Jordan (Creed, 2015 / Pantera Negra, 2018) e Jamie Foxx (Django Livre, 2012 / Baby Driver,2017) tem cenas lindíssimas e emocionam em diversos momentos.

Destaque para um monólogo importante do personagem de Jamie Foxx, que é o melhor de todo o elenco e talvez o que há de melhor no filme. De negativo, alguns saltos temporais meio bruscos e as sequências apressadas nos tribunais pois nesse tipo de história são justamente esses os grandes momentos.

Luta por Justiça filme

No entanto não chega a ser um grande problema visto que o longa soa quase acadêmico e comove bastante justamente pelos personagens humanos que retrata e os males que os acometem.

Talvez provavelmente a resposta para explicar todos esses males da ‘civilização’ esteja no fato de que socialmente nós não evoluímos e continuamos a repetir padrões primitivos mascarados de reações educadas.

Por fim, a lição final que fica do filme é única: No mundo do poder que serve a ignorância, o compromisso com a justiça é doloroso.

O filme Luta Por Justiça estreia nesta quinta, 20 de fevereiro de 2020.

*FILME VISTO NO FESTIVAL DO RIO 2019

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Just Mercy
Direção: Destin Daniel Cretton
Elenco: Michael B. Jordan, Jamie Foxx, Brie Larson, O’Shea Jackson Jr., Tim Blake Nelson
Distribuição: Warner Bros Pictures
Data de estreia: qui, 27/02/20
País: EUA
Duração: 136 minutos
Gênero: Drama
Ano de produção: 2019
Classificação: 14 anos

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
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