CRÍTICA | Pepe Mujica tenta salvar o Uruguai na sátira ‘Tragam a Maconha’

Giovanna Landucci

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19 de outubro de 2018

José Alberto Mujica Cordano, popularmente conhecido como Pepe Mujica, interpreta a si mesmo em Tragam a Maconha (Misión No Oficial). Ainda como presidente do Uruguai, ele declara que as pessoas precisam ser felizes e revela que só foi favorável a participar dessa comédia por esse motivo. Embora se trate de uma sátira, o formato do filme é de um documentário com ar bem realista, porém carregado de diálogos irônicos, com personagens icônicos e carismáticos.

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Tragam a Maconha se passa parte no Uruguai e parte nos Estados Unidos, e traz a história de uma comitiva que se autointitula “Câmara Uruguaia da Maconha Legalizada” para poder viajar para os Estados Unidos e ser reconhecida nos principais festivais, congressos e eventos sobre a erva, e conseguir aliados em uma operação extra oficial do governo uruguaio.

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Mujica lidera essa missão e contata pessoalmente um farmacêutico local preso recentemente por vender maconha. A cannabis foi recentemente legalizada no país, mas não de forma arbitrária. Seu comércio é controlado pelo governo e o produto só pode ser encontrado em farmácias autorizadas pelo governo. Com a escassez da erva em terras uruguaias, esse grupo se junta para ir ao governo norte-americano e conseguir legalmente transportar 50 toneladas da “malvada” para abastecer a nação.

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Ao longo da jornada, a dupla que forma a tal comitiva (formada pelo farmacêutico e por sua mãe) conhece pessoas influentes nos EUA que acreditam estar interagindo com representantes de uma instituição poderosa do Uruguai, mas que, na realidade, nem existe, sendo criada de fachada para impor uma imagem comercial forte do país e se infiltrar em eventos como 420 Festival, em Denver, e a Cannabis Cup, feira do segmento onde eles, inclusive, montam um estande para conseguir contatos, tudo com o objetivo de estabelecer relações e descobrir quem poderia vender tamanha quantidade legalmente.

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Eles passam por diversas cidades e estados, e conhecem um policial uruguaio, que os coloca em contato com o cônsul representante de seu país. Com isso, acabam chegando a uma igreja onde o tema é o culto à erva e se tornam sacerdotes da mesma, fortalecendo a imagem do Uruguai como legalizado para o uso da maconha até conseguirem chegar à segunda parte do plano, que é de fato conseguir comprar a erva antes da chegada de Mujica aos States (o ex-presidente teria uma conferência direta com Obama).

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As tomadas são construídas em formato de documentário, onde a câmera vai seguindo os personagens como se estivessem formulando uma matéria ou reportagem de jornal cobrindo a viagem. Algumas elipses são mal construídas, com recortes de cenas bruscos e edições mal feitas, dando ao filme um ar de produção independente de um cineasta iniciante. Isso pode ser fruto da obra de três diretores diferentes, que acabam formando um Frankenstein ambulante, mas, ao mesmo tempo, muito divertido de assistir.

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Tragam a Maconha é um entretenimento “sessão da tarde”, que vale a pena assistir porque fica claro – desde o início – que será um filme escrachado e simplório, que retrata um desejo de legalização universal da maconha em apenas 84 minutos de projeção, com muito humor e leveza.

*Filme visto na 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Misión No Oficial
Direção: Denny Brechner, Alfonso Guerrero, Marcos Hecht
Elenco: Denny Brechner, Talma Friedler, José Mujica
Distribuição: Mostra de SP
Data de estreia: em breve
País: Uruguai, Estados Unidos
Gênero: comédia
Ano de produção: 2017
Duração: 75 minutos
Classificação: 14 anos

Giovanna Landucci

Publicitaria de formação, sempre gostei de escrever. Apaixonada por filmes e séries, sim, posso ser considerada seriemaníaca, pois o que eu mais gosto de fazer é maratonar! Sou geek principalmente quando falamos de Marvel e DC. Ariana incontestável, acho que essa citação de Clarice Lispector me define "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar." Ah, como é de se notar pela citação, gosto de livros e poesia também.
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