Oscar 2019 | ‘O Grande Circo Místico’ é o escolhido do Brasil: entenda o motivo

Giovanna Landucci

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11 de setembro de 2018

Em evento realizado na tarde desta terça-feira, na Cinemateca Brasileira em São Paulo, a Academia Brasileira de Cinema anunciou O Grande Circo Místico como o escolhido brasileiro para concorrer a uma vaga na categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar.

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Lucy Barreto foi a presidente da comissão julgadora, integrada pelos diretores Flavio Ramos Tambellini, Jeferson De e Hsu Chien Hsin, pela atriz Bárbara Paz, pela jornalista Katia Adler e pela produtora Claudia da Natividade. Além deles, estiveram presentes no evento, o secretário de Audiovisual do Ministério da Cultura, Frederico Mascarenhas, o suplente da comissão, Ricardo Domingos Pinto e Silva, e a equipe do Ministério da Cultura representada por Sylvia Regina Bahiense e Lígia Miranda Rachid.

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O Grande Circo Místico foi escolhido entre 22 indicados e trata de uma história de cinco gerações de uma família proprietária de um circo, onde seu mestre de cerimônias nunca envelhece. O longa dirigido por Cacá Diegues, consagrado com relação a nomeações, é inspirado em um poema de Jorge de Lima, que, em 1983, tornou-se um espetáculo musical criado para o Teatro Guaíra, de Curitiba. A obra, adaptada por Naum Alves de Souza, tem trilha sonora assinada por Chico Buarque e Edu Lobo.

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A indicação, no entanto, gera certa polêmica, pois, de acordo com regra da própria Academia, o filme não poderia ter sido selecionado sem entrar em cartaz ou ser exibido em algum festival. Apesar da norma não ter sido cumprida, o longa tem previsão de estreia em circuito brasileiro para o dia 15 de novembro. Os membros do conselho, no entanto, se posicionaram de maneira unânime em seus comentários defendendo a indicação.

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Foto: H2O Films / Divulgação

Não é a primeira vez que uma nomeação brasileira para o Oscar gera discussão. Recentemente, mais especificamente, em 2016, o burburinho foi causado pela indicação de “Pequeno Segredo” em detrimento do franco favorito “Aquarius”, que fora premiado em diversos festivais pelo país e pelo mundo afora. Não que o escolhido fosse uma produção ruim, mas as qualidades e o reconhecimento internacional do preterido eram inegáveis. A opção deu o resultado esperado: Brasil fora do Oscar.

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À época, as críticas foram muito negativas e sugestionaram a seleção ao recém-empossado Michel Temer, que houvera assumido no lugar de Dilma Rousseff, que acabara de sofrer um processo de impeachment. Como se tratava de um filme com viés político, as comparações não tardaram a surgir, ainda mais quando a produção passou por uma classificação indicativa de 18 anos, restringindo o público a uma faixa etária equivocada, sendo alterada após nova chuva de reclamações.

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Foto: Giovanna Landucci / BLAH CULTURAL

Bárbara Paz se colocou a partir de uma pergunta de um veículo (que arrancou risadas de todos) sobre o anúncio feito por Lucy de que haviam chegado de maneira tranquila ao veredito. E, a partir daí, gerou um “como assim, duas horas de discussão ter sido de forma tranquila?” E ela, então, menciona:

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“A gente discutiu muito, tivemos alguns empates e vários filmes brasileiros que retratam muito o Brasil, e que, então, foi discutido até o último momento qual seria o que representaria melhor o país na premiação do Oscar. Esses cinco filmes que foram escolhidos, depois se tornaram três, pois, de 22, foi afunilando, até chegar neles. E teve sim muita discussão. Harmoniosa, é claro”, arrancando mais um pouco de risadas da maneira capciosa com que se colocou.

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Dentre as características destacadas pela comissão como impulsionadoras e motivadoras para a escolha de O Grande Circo Místico como candidato à vaga estão a beleza, a poesia, a musicalidade, uma grande produção, Cacá como diretor e, inclusive, parafraseando o próprio, “o resgate ao barroco brasileiro”, pois os filmes de hoje estão muito ligados ao naturalismo e ao realismo, e esse longa busca a essência do cinema de forma lúdica, além de trazer a fusão da música brasileira com a cinematografia.

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Foto: Giovanna Landucci / BLAH CULTURAL

Lucy coloca que essa produção tem um grande peso pois “está com boas críticas internacionais, já tem uma distribuidora internacional, um distribuidor americano e lançamento previsto. E isso tudo conta muito”.

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O secretário de Audiovisual colocou que, para este filme, após a indicação, estará destinada a verba anual para publicidade estimada no valor de R$ 200 mil para que o longa possa ter maior visibilidade internacional como é de costume.

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O cinema nacional vive um jejum com relação a ser indicado ao Oscar. Resta esperar para ver se este será um longa-metragem que quebrará esse tabu e alçará novamente os filmes brasileiros ao nível internacional, sem tirar o mérito de todos os festivais dos quais alguns dos 22 indicados receberam premiações, e, por isso, também foram considerados aptos a representar o país.

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::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Direção: Cacá Diegues
Elenco: Mariana Ximenes, Jesuíta Barbosa, Bruna Linzmeyer
Distribuição: H2O Films
Data de estreia: qui, 13/09/18
País: Brasil, Portugal, França
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Classificação: 16 anos
Observação: o lançamento comercial acontece no dia 13/09 apenas em uma sala em Macaé, no Rio de Janeiro. A estreia nacional ocorre no dia 15/11

Giovanna Landucci

Publicitaria de formação, sempre gostei de escrever. Apaixonada por filmes e séries, sim, posso ser considerada seriemaníaca, pois o que eu mais gosto de fazer é maratonar! Sou geek principalmente quando falamos de Marvel e DC. Ariana incontestável, acho que essa citação de Clarice Lispector me define "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar." Ah, como é de se notar pela citação, gosto de livros e poesia também.
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