Crimes Temporais filme

Crimes Temporais | Uma pérola sobre viagem no tempo

Fábio

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17 de agosto de 2020

Antes de mais nada, precisamos combinar. Viagem no tempo é, acima de tudo, um tema que acerta em cheio os fãs de cultura pop. Duvida? Basta ver quais assuntos foram os mais comentados neste último mês de julho.

Dentre eles encontraremos a terceira e derradeira temporada de “Dark” (Dark, 2017-2020), série alemã da Netflix, assim como o aniversário de 35 anos de “De Volta Para o Futuro” (Back To The Future, 1985). Nem é necessário dizer qual o tema central dessas obras, certo?

Em contrapartida, nem todo filme que bebe desta fonte chega ao conhecimento do grande público, apesar da qualidade da sua produção. Um exemplo disso é o excelente thriller espanhol Crimes Temporais (Los Cronocrímenes, 2007), dirigido por Nacho Vigalondo.

Por outro lado, ao contrário dessas superproduções citadas acima, Crimes Temporais é praticamente uma produção caseira. Com baixíssimo orçamento, apenas uma locação (dividida em três ambientes) e quatro atores (sendo que um deles é Valongo, o próprio diretor do filme), ela prova como uma boa ideia, um bom roteiro, boas interpretações e criatividade conseguem, dessa forma, superar qualquer adversidade.

Foto: Divulgação

História

Nada de grandes saltos temporais, futuro distópico ou uma volta ao passado para corrigir um erro histórico. Em Crimes Temporais, a viagem no tempo acontece no mesmo dia. Mais precisamente em algumas horas atrás na vida de Hector (Karra Elejalde), um cidadão comum que está em sua casa de campo com sua esposa (Candela Fernández). Ao avistar uma garota seminua caída no bosque (Bárbara Goenaga), ele, a princípio, resolve investigar. Ao se deparar com ela, acaba atingido por um homem com o rosto coberto de um trapo ensanguentado que enfia uma tesoura em seu braço. Na fuga, ele entra por acidente em uma máquina do tempo de um laboratório estranho que fica do outro lado da mata e o seu pesadelo começa.

Com uma boa dose de humor, o filme lembra os perrengues sofridos por Phill Connors (Bill Murray) em “O Feitiço do Tempo” (Groundhog Day, 1993).Mas ao contrário de Phill, que comete diversas barbaridades ao perceber que está preso no mesmo dia, Hector só quer corrigir essa viagem acidental e voltar para casa e relaxar com a esposa.

Viagem no tempo

Sem grandes explicações científicas e teorias complexas (em outras palavras: o orçamento baixo e a ausência de efeitos especiais não permitem), Crimes Temporais aposta suas fichas no Paradoxo do Bootstrap e na teoria do espaço e tempo unificados já defendida por Albert Einsten e explorada por Alan Moore em algumas de suas HQs onde a linha temporal é meramente uma ilusão. Ou seja, passado, presente e futuro acontecem simultaneamente e a coexistência deles permite que além das ações do passado interferirem no futuro, ações do futuro também possam interferir no passado.

Além do humor, o clima de suspense e tensão é outro grande acerto do filme. A medida que Hector busca consertar o passado e impedir a sua primeira viagem no tempo, ele acaba criando uma bola de neve que, dessa forma, prende a atenção do espectador que não consegue imaginar como ele sairá ileso dessa enrascada.

Orçamento e bilheteria

Crimes Temporais teve um orçamento de US$ 2.6 milhões e uma bilheteria irrisória de US$ $564.474, apesar da altíssima taxa de 89% aprovação da crítica no Rotten Tomatoes. Uma pena que muita gente deixou esse filme passar despercebido. Hora de corrigir esse erro e dar uma chance a este belo filme.

TRAILER

FICHA TÉCNICA

Direção: Nacho Vigalondo
Roteiro: Nacho Vigalondo
Elenco: Nacho Vigalondo, Karra Elejalde, Candela Fernández e Bárbara Goenaga
País: Espanha
Gênero: Ficção Científica, Suspense
Idioma: Espanhol

Garimpo

Garimpo é a minha coluna semanal onde irei indicar belos filmes que, infelizmente, foram ignorados pelo grande público. Toda segunda-feira, vou ‘garimpar’ e indicar uma preciosidade para que ela tenha uma chance de ser apreciada da maneira correta. Sejam clássicos perdidos, filmes cults ou filmes sem grandes pretensões. Antigos, novos ou não tão velhos. Não importa. A ideia é oferecer um conteúdo diferente, com qualidade e que possa te surpreender.

Fábio

Santista de Nascimento, flamenguista de coração, paulistano por opção. Jornalista, assessor de imprensa viciado em cinema, série, HQ, música, games e cultura em geral.
8
Créditos Galáticos

Créditos Galáticos: 8

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